O tempo de vida útil do Aterro Sanitário de Brasília (ASB) teve uma queda de cerca de dois anos, segundo indicou análise técnica do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Agora, o novo lixão deve durar apenas até 2027.
A diminuição da vida útil do aterro se deve, principalmente ao descarte feito de forma inadequada. De acordo com o SLU, um estudo gravimétrico — método de investigação geofísica — divulgado em 2021 registra que pelo menos 500 toneladas de lixo reciclável vão para o aterro diretamente.
“Os lixos orgânicos, que somam aproximadamente 65% do material aterrado, poderiam ser destinados a processos de compostagem. Quanto maior a separação entre recicláveis e orgânicos, menos resíduos vão para o aterro, aumentando a vida útil. Por outro lado, se não há separação, os resíduos misturados não podem ser aproveitados para triagem e reciclagem, e acabam indo para aterramento de forma desnecessária”, destacou a autarquia, em nota.
A atitude de fazer a coleta seletiva está associada à importância para o meio ambiente e para a sociedade como um todo, isso porque envolve benefícios ambientais, sociais, educacionais, culturais e econômicos para a população. A coleta seletiva se refere ao recolhimento de materiais recicláveis, que não podem estar misturados com o lixo orgânico consumido nas residências e no trabalho.
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Além de reduzir a necessidade de extrair recursos naturais, como a madeira, petróleo e minérios, a coleta contribui para a redução na quantidade de resíduos enviados a aterros sanitários. “Ao separar os resíduos recicláveis, e destiná-los para a coleta seletiva, será reduzido uma grande quantidade de lixo dos aterros sanitários, ajudando a prolongar a vida útil desses locais e a reduzir o impacto ambiental causado pelos resíduos”, explica o engenheiro ambiental Ramon Baptista da Cruz, responsável técnico pelo aterro Ouro Verde.
Para ele, o incentivo à compostagem seria uma alternativa para os resíduos orgânicos. “A promoção da compostagem doméstica e comunitária aliado ao processo já realizado pelo SLU e por algumas empresas privadas que prestam esse serviço pode reduzir significativamente a quantidade de resíduos orgânicos enviados para os aterros sanitários”, relata.
A adesão da população de Brasília à coleta seletiva ainda deixa a desejar. Por isso, o SLU investe em programas de educação ambiental em várias regiões do DF — Gama, Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste/Octogonal, Sobradinho, Guará, Vicente Pires, Ceilândia, Noroeste, Águas Claras e Taguatinga. A campanha do cartão verde foi criada no fim de 2020, com o objetivo de controlar e qualificar contêineres e lixeiras de casas e de condomínios. A avaliação consiste em cartão verde, amarelo e vermelho, variando de acordo com a separação de cada morador dos locais. No total, foram aplicados 7.687 cartões até julho de 2023:
- Cartões verdes: 4.478
- Cartões amarelos: 1.778
- Cartões vermelhos: 1.431
Separação
O ideal para o processo de coleta seletiva é adquirir duas lixeiras, uma reservada para orgânicos — como os restos de comida, restos de carne, folhas, entre outros — e outra reservada para os recicláveis — papel, papelão, caixa de leite, plásticos e outros.
Ramon Baptista da Cruz lembra a importância de observar os tipos de lixos mais utilizados em casa para começar o processo de separação. “Uma dica importante é identificar os tipos de resíduos que gera na residência, como papel, plástico, metal, vidro e resíduos orgânicos. Isso ajudará a entender quais itens podem ser reciclados e quais devem ser descartados separadamente. Vale também destacar que ter recipientes adequados para a separação do lixo pode ser útil. Separar diferentes recipientes para cada tipo de resíduo reciclável, por exemplo: pode usar caixas de papelão, sacos plásticos ou cestos; para os orgânicos uma dica seria usar sacos pretos com boa resistência e tamanho que condicione a quantidade que gera em cada moradia. Se possível, fazer uma identificação em cada recipiente para facilitar a separação correta”, ensina.
As empresas também servem como um meio de informação para incentivar os funcionários sobre a importância de fazer a coleta seletiva fora de casa. Além de promover treinamentos aos colaboradores, vale a realização de campanhas de conscientização. “Assim como nas residências, as empresas podem implementar (campanhas), com materiais educativos e promoção de iniciativas internas, como concursos de reciclagem ou premiações para os funcionários que mais se destacam na separação correta dos resíduos”, relata.
“Uma abordagem importante para as empresas é reduzir o consumo de recursos e promover a reutilização de materiais. Isso pode incluir a implementação de práticas de redução de desperdícios, como a utilização de embalagens retornáveis ou a adoção de sistemas de logística reversa, em que os produtos são devolvidos para a empresa após o uso. Além de que as empresas podem estabelecer parcerias com organizações especializadas em reciclagem ou cooperativas para garantir que seus resíduos recicláveis sejam corretamente coletados, processados e transformados em novos produtos”, conclui Ramon Baptista.
As empresas que produzem mais de 120 litros de produtos não recicláveis por dia são caracterizadas como grandes geradores. “Segundo a legislação vigente (Lei nº 5.610/2016), eles devem contratar contêiner próprio e empresa privada habilitada para realizar a coleta adequada do lixo. No entanto, as empresas podem dispor seus resíduos recicláveis para a coleta seletiva. Para empresas que geram uma quantidade elevada de recicláveis, uma sugestão é fazer parcerias com entidades de catadores”, sugere o SLU.
Atualmente, são 33 de 35 regiões administrativas do Distrito Federal que possuem o serviço de coleta seletiva — Apenas o Pôr do Sol/Sol Nascente e Água Quente não contam com a coleta porta a porta. A expansão da coleta seletiva para essas regiões está em fase de estudos pelo SLU.
O trabalho do SLU ocorre em dias alternados. Para consultar os dias corretos, basta entrar no site ou por meio do aplicativo SLU Coleta DF.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
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