Familiares, amigos e autoridades se despediram ontem da jornalista, escritora, professora e editora de Opinião do Correio Braziliense, Dad Squarisi, que morreu na quinta-feira, aos 77 anos. A libanesa deixa um legado para a comunicação do país, com um português impecável, generosidade e destreza que conquistaram todos ao seu redor. O velório, na capela 5 do Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, reuniu cerca de 600 pessoas de todos os cantos da capital, que, comovidas, exaltaram sua trajetória e seu legado e deram um "até breve" àquela que pediu que sua partida não fosse chorada.
Nascida no Líbano, Dad veio para o Brasil com os pais, em 1946, país onde se consolidou como profissional, tornou-se esposa, mãe e avó e cativou dezenas de amigos e admiradores. Integrante da família dos Diários Associados há quase 30 anos, ela foi diagnosticada com câncer em 2016 e, após uma admirável luta, não resistiu às complicações da doença. Mas, nem nos seus últimos dias, ela não se deixava abater.
O filho, Marcelo Squarisi, contou que sente enorme gratidão por ter tido o privilégio de ter Dad como mãe. “Uma mulher incrível, com milhares de fãs. Receber todas essas manifestações de homenagem e carinho só demonstra o quanto ela é especial”, destaca. Os jovens João Marcelo, 17, e Rafael, 20, relataram que a avó era uma pessoa que gostava de ensinar. "Sempre que eu precisava, ela estava presente, me deu muito amor e carinho", relembrou o caçula. Para os netos, a avó deixa um legado que vai perdurar por muitas gerações. "Ela era proativa, sempre que precisávamos de ajuda ela estava ali, pedia que sempre tivéssemos personalidade”, recordou o primogênito.
Lição de vida
Dad fará muita falta para aqueles que lhe acompanharam desde os primeiros anos de vida. Os gêmeos Antônio Abichhain, 73, e Maruam Abicchhain, vieram de São Paulo para dar adeus à irmã. Víamos na Dad uma grande inspiração de vida, ensinamentos, generosidade, humildade, espiritualidade e uma pessoa muito companheira”, detalhou Antônio. Os irmãos também lembram que ela foi uma pessoa muito simples e sincera com todos e agradecem por ela ter feito parte da família. “Dad foi uma lição de vida, nos ensinamentos da língua portuguesa em Brasília e no Brasil”, destacou Maruam.
Maria José Abichhain, 80, irmã mais velha de Dad, com voz embargada, lembrou como eram unidas desde crianças. “Minha irmã foi uma guerreira, lutou muito e conquistou seu espaço. Eu ainda não acredito que estou aqui para me despedir dela, eu que sou a mais velha, vim dar adeus a essa irmã tão querida e amada”, desabafou. “Foi um privilégio conviver com Dad durante mais de 40 anos, uma convivência feliz, harmoniosa e repleta de respeito, apesar da distância, estivemos sempre presente uma na vida da outra”, lembrou a cunhada, Lina Kitagaki Abichhaina.
Até o fim
A amiga Martha Kalil contou que o destino fez com que o filho de Dad casasse com sua sobrinha. "Isso nos torna, de algum modo, família, e eu sou muito grata por isso. Partilhar a vida com uma pessoa especial e espontânea como Dad foi um privilégio”. Já Marli Machado ressaltou a tristeza da despedida. "Vou reviver na minha mente todos os nossos encontros e momentos maravilhosos. Ela sempre me contava que retornava ao Líbano para recarregar as energias. Lembrar dela me contando isso, cheia de alegria, vai ser muito difícil daqui pra frente”, lembrou.
Para Abadia Alves, a partida de Dad deixa um vazio sem igual. "Não posso mensurar como vai ser daqui pra frente com essa perda. Graças a Deus, tivemos o privilégio de conviver com essa pessoa tão querida e amada, que só espalhou amor, sabedoria e elegância. Pude partilhar de sua amizade durante longos 30 anos e sou muito grata", assinalou.
Therezamaria Lucciola de Campos teve uma trajetória pessoal e profissional de mais de 50 anos com Dad. "Eu era animadora das festas dela. Acho que ela está me chamando lá em cima, porque deve estar dando suas palestras e está precisando de uma contadora de histórias", afirmou, com alegria. "Estivemos juntas em todos os momentos da vida. O legado dela aqui em Brasília e no Brasil para os jovens é incalculável”, avalia.
"Minha eterna saudade e vou levar ela no coração até o fim”, concluiu Therezamaria, que, no funeral, recitou A criação, de Eduardo Galeano. "Nascerão e tornarão a morrer e outra vez nascerão.
E nunca deixarão de nascer, porque a morte é mentira", diz os versos do texto declamado em homenagem a Dad Squarisi, que, para muitos, será eterna.
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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