Clima ameno marcou os questionamentos do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, deputado Iolando (MDB), durante o depoimento de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Numa abordagem branda, Iolando, que substitui o deputado Hermeto (MDB) — que está de atestado médico —, centrou suas perguntas no que teria sido diferente durante o 8 de janeiro caso Torres tivesse continuado como ministro da Justiça, cargo que ocupou durante o governo Bolsonaro.
Antes de dar início ao seu questionamento, o deputado fez questão de destacar a trajetória de Torres nos governos federal e local, descrevendo-o como "filho do DF". "Por dois anos e três meses, o senhor contribuiu com muita sabedoria e inteligência para que os índices de criminalidade, a movimentação de armas e drogas fossem derrubados. Sei que o senhor é um pai de família, com uma ficha ilibada, um filho do DF", afirmou.
O deputado evitou questionamentos incisivos, optando por abordagens mais suaves e descritivas. Em determinado momento relembrou uma fala do ministro Alexandre Barroso, em que dizia "vamos derrotar o Bolsonarismo" e indagou ao depoente se isso poderia ter relação com a investigação das ações.
E se?
O parlamentar manifestou interesse em compreender as possibilidades de ação caso Torres tivesse sido mantido como ministro da Justiça. O ex-titular da pasta afirmou que "acionaria a Força Nacional, em caso de emergência, e ficaria em contato com o governador (do DF)".
Torres aproveitou o momento para ressaltar novamente a complexidade do Plano de Ações Integradas (PAI), que, de acordo com ele, teria funcionado se tivesse sido corretamente executado. "Houve falha grave no cumprimento do PAI. Ele foi bem elaborado. Vejo que a parte da secretaria foi feita", concluiu.
A CPI
Torres chegou à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) por volta das 10h, acompanhado de seu advogado, Eumar Novack. Ele prestou esclarecimentos durante toda a manhã, porém com limite de permanência devido às restrições de circulação impostas pela tornozeleira eletrônica, medida tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após deixar a prisão.
O ex-titular da secretaria de segurança pública do DF ficou preso por cerca de quatro meses, acusado de uma suposta omissão diante dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, que resultaram na invasão de prédios públicos na Praça dos Três Poderes. Ele conseguiu, em maio, o direito de responder em liberdade, porém ainda deve usar o dispositivo no tornozelo e, por isso, deve estar em casa após as 22h e não pode deixar o DF.