O clima seco que se instala no Distrito Federal entre os meses de maio e setembro é responsável por intensificar o movimento de pacientes em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e hospitais. No último domingo (6/8), foi registrado, no Gama, o recorde de dia mais seco do ano na capital, com 10% de umidade relativa do ar, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A partir dessa constatação, foi instalado o alerta vermelho, caracterizado por índices de baixa umidade inferior aos 12%.
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Nesta segunda-feira (7/8), a umidade mais baixa foi registrada no Gama novamente, apontando 15% e alertando sinal laranja. A baixa umidade traz grandes possibilidades de incêndio no cerrado, riscos à saúde, pele mais seca, desconforto nos olhos, boca e nariz. A previsão para os próximos dias é de baixa umidade, principalmente da segunda semana de agosto para o final de setembro. É um período no qual a seca e o desconforto são maiores para a população brasiliense. O correto é que a umidade fique entre 50 e 60%.
A influência dessa mudança climática na saúde levou Leia Nogueira, de 37 anos, a procurar ser atendida no Hospital Regional da Asa Norte, algo que ela só faz quando sente que é absolutamente necessário. Há uma semana, a auxiliar de limpeza tem sofrido com a sensação de cansaço, tosse constante, garganta seca e até mesmo febre.
Neste período, ela costuma recorrer aos chás de limão com alho e também ao de gengibre. No entanto, os remédios caseiros que costumavam ser úteis não têm mostrado resultado neste ano. Quando finalmente foi ao hospital, o atendimento médico orientou que a moradora da Estrutural realizasse testes de covid e dengue. Enquanto aguarda os resultados, Leia sente os sintomas se agravarem. "Trabalho embaixo do ar condicionado. Se ficar tossindo, o cliente fica até meio assustado. Aí é horrível", conta ela, que, para evitar constrangimento, tem usado máscaras.
Mal estar e fadiga
A situação é ainda pior para Maria das Neves, que passa por uma temporada de cinco meses na capital do país após chegar de Bruxelas, na Bélgica, onde o clima é mais estável e o calor não é tão intenso. A costureira precisou passar um dia inteiro em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, a partir dos exames, descobriu ter bronquite asmática e fibrose pulmonar.
Antes do diagnóstico, ela apresentava mal estar e fadiga. Pequenas caminhadas, subir escadas e até mesmo falar a deixavam cansada. "Como esse clima não ajuda, eu não tenho melhorado não", revela. Até conseguir tratamento para os problemas de saúde, Maria precisa ser vigilante para não exaurir o corpo ao fazer suas atividades no clima hostil. "Até lá, eu tenho que me manter mais quieta, no meu ambiente de casa, longe de poeira e longe de escadas. Além de fazer exercício dentro das minhas possibilidades", observa.
Com a descoberta dessas enfermidades, a moradora da cidade belga não vê a hora de retornar ao clima ameno que está mais habituada e também repara que o clima do Distrito Federal parece ter se tornado mais desértico ao longo dos oito anos que esteve fora. "Aqui que não era tão seco assim. Parece que o sol está mais quente, o tempo está mais seco e que estamos mais sensíveis ao calor", reflete.
Atenção aos alimentos
A Secretaria de Saúde alerta que, no período de seca, os cuidados devem incluir a atenção aos alimentos. É recomendada a ingestão de bastante água, água de coco, chás e sucos naturais, além de evitar aglomerações em ambientes fechados, banhos quentes e demorados e o uso excessivo de sabonetes ou buchas. A hidratação da pele pode ser feita com cremes e a aplicação de soro fisiológico no nariz e olhos melhora a secura nas regiões. É indispensável o uso de filtros solares e chapéus. Para praticar exercícios físicos em locais abertos, somente até 10h e após às 17h.
*Estagiários sob a supervisão de Patrick Selvatti
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