O Comando do Exército não vai se opor, caso o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, decida depor na CPI do 8 de janeiro na Câmara Legislativa (CLDF), usando roupa militar.
A sinalização ocorre no momento em que o Exército é pressionado pelo Ministério Público Militar (MPM) por ter supostamente orientado Cid a depor fardado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques golpistas de 8 de janeiro.
Interlocutores do alto comando das Forças Armadas detalharam à reportagem que, apesar de Cid não ter sido orientado a depor fardado na CPMI, em nada implica o aparecimento de quaisquer militares da ativa em comissões parlamentares. “O general Dutra compareceu à CPI fardado. Sem motivos para o Cid ser diferente”, disse um integrante.
Ou seja, a decisão se caberá ou não ir fardado ao depoimento marcado para 24 de agosto, será do próprio Cid. A liberação para que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro compareça deverá ser referendada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Fardamento
O MPM pediu explicações ao Comando do Exército sobre a orientação para que Cid utilizasse farda no depoimento dele à CPMI, em 11 de julho.
A decisão foi do procurador-geral de Justiça Militar, Clauro Roberto de Bortolli, em resposta à solicitação de informações protocolada pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSol-SP). A parlamentar argumentou que o uso da farda por Cid, durante depoimento como testemunha por envolvimento em um crime, acaba "maculando a imagem da instituição".
Luciene disse ainda que o requerimento de convocação aprovado pela CPMI não envolve o Exército na justificação, não havendo motivo, portanto, para a orientação do uso da farda. O procurador acatou o pedido, e deu o prazo de dez dias para que o Comandante do Exército, General Tomás Paiva, esclareça a orientação dada pela Força.