CPI Atos Antidemocráticos

CPI: Bolsonarista nega o próprio depoimento e confunde deputados

Armando Valentin Settin Lopes afirmou categoricamente que não reconhece suas declarações à PCDF, mesmo tendo assinado o documento. Parlamentares ficaram irritados com a situação

Armando Valentin repudiou o próprio depoimento dele dado à PCDF, após a prisão dele, em 8 de janeiro -  (crédito: Eurico Eduardo/Agência CLDF)
Armando Valentin repudiou o próprio depoimento dele dado à PCDF, após a prisão dele, em 8 de janeiro - (crédito: Eurico Eduardo/Agência CLDF)
Carlos Silva*
Pablo Giovanni
postado em 31/08/2023 14:49 / atualizado em 31/08/2023 15:40

O bolsonarista Armando Valentin Settin Lopes irritou os participantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF). Ao longo de sua fala, ele repudiou todo o depoimento prestado anteriormente à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Frente a esse posicionamento o relator, deputado Hermeto (MDB), precisou trabalhar duro para obter resposta do depoente. Lopes afirmou categoricamente que não reconhece suas declarações à PCDF, mesmo tendo assinado o documento.

Em vista desse repúdio veemente, o presidente da comissão, Deputado Chico Vigilante (PT), teve de intervir e propor uma acareação dos fatos. "O regimento da PCDF diz que o delegado deve ler o depoimento. O senhor assinou. Se o senhor continuar a dizer que não é seu, ou o senhor mentiu lá ou mentiu aqui", cravou.

Confusão

O relator centrou seus questionamentos em entender o que de fato acontecia no acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército. Lopes tentou, a todo momento, convencer os presentes de que tudo era pacífico e os manifestantes somente procuravam "alguém para dar uma luz. Que não sabiam a quem recorrer. Iam na onda".

Ele foi prontamente repreendido pelo parlamentar, que chamou atenção para o devido processo democrático. "Sabe como poderia recorrer? Indo para a oposição e tirar democraticamente (quem estivesse no poder). Perdi duas eleições. Fui para casa, chorei dois dias. Depois trabalhei para tentar de novo. É assim que se recorre", frisou.

No restante de sua fala, o depoente tentou afastar o teor violento da manifestação, dizendo que somente depois de janeiro é que indivíduos violentos começaram a aparecer no acampamento. “Falavam de bomba, fazer, acontecer etc. São essas pessoas que apareceram para incitar. Eram pessoas estranhas, sem procedência (esquerda ou direita). Nós só ficávamos orando e éramos chacotados por isso”, relatou.

Por fim, Lopes afirmou que sofreu maus-tratos na ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda. “As esquerdistas que estavam lá me deixavam mais em pânico do que quando eu cheguei. Nos tratavam como terroristas”, acusou.

Reação

Os parlamentares que acompanhavam tudo ficaram ainda mais nervosos com a falta de coerência do depoente. O deputado Pepa (PP) até foi incisivo ao apontar a falta de coesão das falas. “Eu nunca vi um depoimento tão confuso na minha vida. Se foi proposital eu não sei, mas nunca vi algo tão desastroso”, criticou.

Diante disso, o deputado até mesmo desistiu das próprias perguntas. “Em um momento como esse, em que estamos com milhares de pessoas assistindo, temos um depoimento confuso desse? Pelo amor de Deus. Não tenho perguntas, porque não quero me confundir ainda mais com essas questões”, concluiu.

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