CPI Atos Antidemocráticos

Bolsonarista diz que teve medo de PT forçá-lo a abrigar morador de rua

O bolsonarista Armando Valentin argumentou que frequentava o acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, por medo do PT. Ele está solto e usando tornozeleira eletrônica

Armando Valentin contou aos distritais que frequentou o QG do Exército e que apenas
Armando Valentin contou aos distritais que frequentou o QG do Exército e que apenas "batia ponto" no local - (crédito: Eurico Eduardo/Agência CLDF)
Carlos Silva*
Pablo Giovanni
postado em 31/08/2023 13:16 / atualizado em 31/08/2023 17:54

O bolsonarista Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, de 47 anos, afirmou que frequentava o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, porque estava com medo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após ele suspeitar de que teria de ceder um cômodo da casa dele para pessoas em situação de rua.

À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), Settin disse que as suspeitas começaram no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e que ele temia que isso ocorresse no governo Lula. Contudo, a declaração do bolsonarista não passa de mais uma fake news.

“Quando a Dilma tinha saído (do governo após o impeachment), me recordo de uma ocasião, de quem tinha uma casa com três ou quatro quartos, e (se) alguém que estivesse na rua e não tivesse casa, eu teria de ceder um dos quartos. Eu fiquei traumatizado. Isso me chocou, senhor. A televisão faz isso (...) (Mas) Nenhuma casa foi tomada”, respondeu ao presidente Chico Vigilante (PT)

Ao ser perguntado se ele sabe se algum fato citado por ele aconteceu, disse que não. A declaração acabou levando aos risos os distritais que compõem a CPI.

Preso após o 8 de janeiro

Armando Valentin apareceu no radar da CPI por ter revelado, após a prisão dele, em 8 de janeiro, que líderes do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, planejavam ataques a bomba em outros locais do DF.

À Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o gaúcho e morador de Águas Claras respondeu que trabalhava com a compra e venda de veículos, e que começou a participar de grupos de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, e que “nestes grupos recebia constantemente vídeos sobre fraudes nas eleições”.

Valentin explicou ainda que ia ao QG há quase 40 dias e que participou de três reuniões com líderes do QG. Nessas conversas, eram discutidas a colocação de bombas para derrubar a ponte da Rodoviária do Plano Piloto, além de incendiar veículos em estações de energia de Brasília. Apesar de ter revelado essa informação, disse que não estava interessado nisso.

Aos policiais, o bolsonarista confessou conhecer Alan Diego dos Santos Rodrigues, condenado por tentar explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília, como um dos líderes do movimento. Valentin e a namorada foram presos na Estrutural ainda no dia 8, após terem deixado a Esplanada dos Ministérios. Eles foram detidos por agentes da PCDF após a corporação ter recebido uma denúncia dias antes de que o próprio Valentin estaria arquitetando a explosão de carros no DF. Ele está solto, após deixar o Complexo Penitenciário da Papuda, mediante o uso de tornozeleira eletrônica.

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