O indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Tserere, afirmou que não acredita nas urnas eletrônicas. À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, o cacique disse que a urna eletrônica é fácil de ser “hackeada” e que a tese foi apontada pelos (integrantes) “das Forças Armadas” e da “Defesa Nacional”.
Aos distritais, o cacique se confundiu entre as fakes news, apontando que existia uma nota do governo federal onde teria sido comprovado que as urnas são possíveis de serem hackeadas. Apesar da declaração, os ministérios citados pelo indígena não existem. “O Ministério das Forças Armadas publicou que a urna eletrônica é fácil de ser hackeada, e o próprio Ministério da Defesa Nacional falou isso”, disse. “O Ministério da Defesa Nacional emitiu uma nota pública, depois das eleições. É esse que trouxe uma influência para duvidar da urna eletrônica”, completou o cacique.
Mesmo duvidando das urnas eletrônicas, cacique foi candidato ao cargo de prefeito de Campinápolis (MT) em 2020, mas não foi eleito. O indígena é apontado como pivô do quebra-quebra no centro de Brasília, em 12 de dezembro do ano passado. O confronto começou depois que a Polícia Federal prendeu o cacique, após ter sido identificado que Tserere foi o responsável de comandar o grupo de indígenas que invadiu a sala de embarque do Aeroporto de Brasília, ainda em dezembro, além de ameaçar de morte ministros do STF.
Ameaças a Moraes
Dias antes de ser preso, em dezembro, o cacique ameaçou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. "Se os generais não executarem o seu juramento, podem me matar. Mas eu tiro o vagabundo do Alexandre de Moraes na marra. Arranco ele pelo pescoço. Ou pode mandar me prender agora", declarou o cacique.
Na época, um ônibus e carros foram incendiados, além de uma delegacia depredada por manifestantes. Apesar dos estragos, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não efetuou nenhuma prisão. Em resposta, os oficiais disseram à CPI da CLDF que ninguém foi preso porque estavam priorizando o restabelecimento da ordem — teoria questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia oferecida contra sete PMs.
Em carta, após ter sido preso, Serere pediu desculpas a Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No recado, o indígena diz que nunca defendeu uma "ruptura democrática" e que não acredita na violência como método de ação política. "Entendo que o amor, o perdão e a conciliação são os únicos caminhos possíveis para a vida em sociedade", escreveu.
*Carlos Silva - estagiário sob a supervisão de Adriana Bernardes.
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