Atos Antidemocráticos

CPI ouve indígena bolsonarista que afirmou que "arrancaria Moraes pelo pescoço"

Além de cacique Tserere, distritais irão ouvir um bolsonarista que revelou o plano de líderes do acampamento do QG do Exército de explodir uma ponte da Rodoviária do Plano Piloto

José Acácio foi preso por participar de atos antidemocráticos, além de incitar agressão a Lula e perseguição de ministros do Supremo  -  (crédito: Reprodução/Internet)
José Acácio foi preso por participar de atos antidemocráticos, além de incitar agressão a Lula e perseguição de ministros do Supremo - (crédito: Reprodução/Internet)
Pablo Giovanni
postado em 31/08/2023 03:45 / atualizado em 31/08/2023 08:29

O indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Tserere, e o bolsonarista preso nos atos de 8 de janeiro, Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, prestarão depoimento na manhã desta quinta-feira (31/8), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF).

O indígena é apontado como pivô do quebra-quebra no centro de Brasília, em 12 de dezembro do ano passado. O confronto começou depois que a Polícia Federal prendeu o cacique, após ter sido identificado que Serere foi o responsável de comandar o grupo de indígenas que invadiu a sala de embarque do Aeroporto de Brasília, ainda em dezembro, além de ameaçar de morte ministros do STF. 

"Se os generais não executarem o seu juramento, podem me matar. Mas eu tiro o vagabundo do Alexandre de Moraes na marra. Arranco ele pelo pescoço. Ou pode mandar me prender agora", declarou o cacique, dias antes de ser preso.

Na época, um ônibus e carros foram incendiados, além de uma delegacia depredada por manifestantes. Apesar dos estragos, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não efetuou nenhuma prisão. Em resposta, os oficiais disseram à CPI da CLDF que ninguém foi preso porque estavam priorizando o restabelecimento da ordem — teoria questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia oferecida contra sete PMs.

Em carta, após ter sido preso, Serere pediu desculpas a Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No recado, o indígena diz que nunca defendeu uma "ruptura democrática" e que não acredita na violência como método de ação política. "Entendo que o amor, o perdão e a conciliação são os únicos caminhos possíveis para a vida em sociedade", escreveu.

Morador de Águas Claras

Já o bolsonarista Armando Valentin Settin Lopes de Andrade apareceu no radar da CPI por ter revelado, no boletim de prisão após a prisão dele, em 8 de janeiro, de que líderes do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, planejavam ataques a bomba em outros locais do DF.

À Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o gaúcho e morador de Águas Claras respondeu que trabalhava com a compra e venda de veículos, e que começou a participar de grupos de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, e que “nestes grupos recebia constantemente vídeos sobre fraudes nas eleições”.

Valentin explicou ainda que estava indo ao QG há quase 40 dias, e que participou de três reuniões com líderes do QG. Nessas conversas, eram discutidas a colocação de bombas para derrubar a ponte da Rodoviária do Plano Piloto, além de incendiar veículos em estações de energia de Brasília. Apesar de ter revelado essa informação, disse que não estava interessado nisso.

Aos policiais, o bolsonarista confessou conhecer Alan Diego dos Santos Rodrigues, condenado por tentar explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília, como um dos líderes do movimento. Valentin e a namorada foram presos na Estrutural ainda no dia 8, após terem deixado a Esplanada dos Ministérios. Eles foram detidos por agentes da PCDF, após a corporação ter recebido uma denúncia dias antes de que o próprio Valentin estaria arquitetando a explosão de carros no DF.

Requerimento

Dentro da pauta da CPI, há a discussão de um requerimento que trata da convocação de Clebson Ferreira de Paula Vieira. Nas investigações da PF, Clebson era analista de inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) — que trabalhava na mesma área de Marília Alencar, ex-membro da equipe de Anderson Torres no MJSP e na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF).

Ele revelou que Marília orientou a elaboração de um painel com o resultado do 1° turno das eleições para que Torres "robustecesse as informações".

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