O Distrito Federal confirmou, ontem, o primeiro caso da nova linhagem da Ômicron, a variante EG.5. Identificada em mais de 50 países, esta variante da covid-19, denominada de Éris, foi encontrada na capital federal em um bebê de seis meses, que ficou internado por três dias no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) com sintomas respiratórios. A criança recebeu alta após ter sido tratada pela equipe médica.
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Para diferenciar possíveis linhagens da Ômicron que circulam na capital federal, o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) e o Instituto Butantan, realizam semanalmente sequenciamentos genômicos em várias regiões administrativas do DF. Na última quinta-feira, após 30 amostras de exames serem coletadas, foi identificado o caso da nova variante no bebê.
O primeiro caso da Éris no Brasil foi de uma mulher, de 71 anos, que mora em São Paulo. Ela relatou, no final de julho, sintomas como febre, dor de cabeça, tosse e fadiga — sendo confirmado o diagnóstico em 8 de agosto. Na ocasião, o Ministério da Saúde reiterou que a idosa estava com o esquema vacinal completo, o que previne casos graves e mortes. A paciente chegou a receber tratamento hospitalar, mas foi liberada após um dia de internação.
Aumento no mundo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) detalham que a Éris foi notificada pela primeira vez no mundo em fevereiro desse ano, e que foi classificada como uma "variante de interesse". Na nota técnica, os pesquisadores ressaltaram que existe um aumento constante de casos da Éris no mundo, especialmente em países como o Canadá, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana e Estados Unidos. Entretanto, até o momento, não foram notificadas mudanças na gravidade da doença.
"Com base nas evidências disponíveis, o risco à saúde pública representado pelo EG.5 foi avaliado como baixo e é semelhante ao de outras variantes circulantes preocupantes", informou a OPAS.
Conforme apuração do Correio, a possibilidade da retomada de recomendações da covid-19, como medidas restritivas — o uso de máscaras, por exemplo, — é rechaçada pelo governo. Apesar da taxa de transmissão em 1,21, o índice de novos casos da doença no Distrito Federal é considerado baixo. Entre 12 e 19 de agosto, 312 novos casos de covid-19 foram registrados.
"Não há motivos para a população se exasperar, porque a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) está atenta a essas questões das variantes da Ômicron. Essa ação demonstra a eficácia da rede de saúde do DF ao detectar, quase em tempo real, essa nova variante através das unidades sentinelas e do Lacen, que constatou a presença dessa nova variável na criança", ressaltou o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, à Agência Brasília.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, detalhou que o crescimento dos casos da nova variante é esperado, mesmo naqueles que já se infectaram com a covid-19. Ela explica que isso se dá porque as mutações da Éris permitem uma reinfecção. "É importante que a população esteja com o esquema vacinal completo, principalmente os grupos de risco, como idosos e portadores de comorbidades, pois a imunização diminui a probabilidade de casos graves e mortes", disse à Agência Brasília.
Dica de especialista
A infectologista Joana D'arc ressaltou que a população não precisa ter temor da nova variante, mas é necessário cautela. Apesar da covid-19 não representar um problema de emergência global, as variantes surgem de uma maneira silenciosa, com novas mutações. "Isso exige vigilância genômica e monitoramento, junto ao governo e o cidadão agindo com responsabilidade", disse. "Atualizar o cartão de vacina. Se tiver sintoma respiratório, evitar aglomerações e usar máscara ao sair de casa, preferir ambientes ventilados, manter etiqueta respiratória, higienize com frequência as mãos. Ou seja, as medidas válidas para prevenção de qualquer infecção respiratória", pontuou.
Para os papais e mamães, a infectologista ressalta que os pequenos têm um sistema imunológico diferente, ainda em evolução. "Temos que lembrar que crianças pequenas tem o sistema imunológico em desenvolvimento e ainda não finalizaram alguns esquemas vacinais. Portanto, são mais suscetíveis a infecção. Nesse caso, a fonte mais provável de infeção para o bebê são os pais. O uso máscara para o aleitamento materno é recomendado é as demais medidas também", completou.
Saúde e vacinas
A variante foi chamada de Éris por internautas nas redes sociais — que também é o nome de uma deusa da mitologia grega. Desde o início da pandemia, a capital federal registrou mais de 911 mil casos confirmados da covid, sendo que 98,6% se recuperaram. Outros 1,3% — 11.886 pessoas — morreram. Em 2023, 33 mortes pela covid-19 foram notificadas.
Somente no DF, 7,8 milhões de doses da vacina contra a covid foram aplicadas, sendo 534 mil da bivalente — disponível para toda a população acima dos 18 anos. Nos relatórios da SES-DF, mais de 81% da população já recebeu pelo menos uma dose, enquanto 78,5% completaram o esquema vacinal de duas doses.
Apesar da mobilização da pasta, há baixos índices de pessoas que tenham tomado o reforço. Menos da metade da população não recebeu nem uma única dose de reforço. Entre as crianças de cinco a 11 anos, 44,6% não tomaram a segunda dose. Os dados entre a faixa etária de três e quatro anos, correspondente ao reforço, é de 83,6%.
Já entre os bebês na faixa etária de seis meses a dois anos, 91,1% não completaram o esquema de duas doses.
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