Golpe

Falsos financiadores de carros são presos; entenda como era o golpe

Foram cumpridos, na manhã desta quarta-feira (30/8), quatro mandados de prisão temporária. Os criminosos usavam o nome das vítimas para financiar veículos em concessionárias do DF

Falsos financiadores de carros são alvos de operação da PCDF -  (crédito: PCDF/Divulgação)
Falsos financiadores de carros são alvos de operação da PCDF - (crédito: PCDF/Divulgação)
Júlia Eleutério
postado em 30/08/2023 09:03 / atualizado em 30/08/2023 10:42

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), cumpriu, nesta quarta-feira (30/8), quatro mandados de prisão temporária contra um grupo que aplicava golpes financiando carros novos em concessionárias do DF. Os criminosos usavam os dados de vítimas que acabavam ficando com o nome endividado. Foram cumpridos também quatro de buscas e apreensão e cinco bloqueios de contas bancárias em Sobradinho, Taguatinga, Lago Norte e Goiânia (GO).

Chamada de operação Financiamentos de Pinóquio, a ação policial tem como objetivo desarticular a associação criminosa especializada na subtração de veículos 0 km de concessionárias do DF. Segundo a polícia, o esquema era feito a partir de falsos financiamentos em nome das vítimas que acabavam negativadas no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Serasa, além de serem cobradas judicialmente a pagar as dívidas.

Os investigados foram indiciados pelos crimes de estelionato, falsificação de documento público, falsa identidade, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas ultrapassam 35 anos de reclusão.

Falsos financiamentos

De acordo com as investigações, o grupo era articulado em diversas frentes. Um dos envolvidos obtinha cópias dos documentos e assinaturas das vítimas para serem usados nos golpes. Para conseguir esses dados, o criminoso se passava por correspondente bancário e ofertava propostas de empréstimos em condições irrecusáveis.

A vítima então aceitava a proposta e, após enviar os documentos e assinaturas, era bloqueada pelo criminoso no WhatsApp. O suspeito sumia sem efetivamente concretizar a proposta. Os dados então eram repassados para outro criminoso que falsificava procurações em Goiânia, dando poderes para contratação e retirada de veículos nas concessionárias.

Com a procuração em mãos e com a ajuda de vendedores da própria loja, os criminosos conseguiam o financiamento de um veículo novo em nome da vítima e, após pagar uma pequena parcela de entrada, retiravam o carro e desapareciam.

Ao não receber as parcelas do financiamento, a empresa financiadora passava a cobrar a dívida da vítima que sequer sabia do ocorrido e nem havia concordado com a compra. Por conta da dívida, os nomes dos inocentes eram inscritos no Serasa e no SPC. Além disso, elas estão sendo executadas judicialmente sem nunca terem tido a posse do carro.

Para finalizar o golpe e obter o lucro, os criminosos vendiam o carro para outras pessoas. Um dos criminosos usava o serviço de um cartório de Minas Gerais, que emite procurações por videoconferência, para concretizar a venda e transferir o veículo. Dessa forma, o suspeito se passava pela vítima em nome de quem o financiamento estava feito.

Após as investigações, a polícia conseguiu detectar pelo menos cinco veículos novos obtidos de forma fraudulenta nas concessionárias no DF. “A investigação também detectou que a negligência das próprias concessionárias tem estimulado esse tipo de dinâmica delitiva. Os precários sistemas de conferência de documentos, frouxidão no procedimento de contratação e a cegueira deliberada para bater metas facilitam a atuação dos estelionatários. Depois da imprudência na contratação e do desaparecimento do carro, as financeiras buscam a Polícia para tentar recuperá-lo. Orientamos o setor jurídico das concessionárias a aprimorar seus protocolos internos”, destacou o delegado da 9ª DP, Erick Sallum.

A PCDF alerta para que a população evite fornecer documentos e dados pessoais a terceiros em conversas de WhatsApp. “Esses documentos poderão ser usados para todo tipo de golpe. Uma vez que esses dados e documentos caiam na posse dos estelionatários, as dores de cabeça para tentar limpar o nome serão grandes. A melhor defesa é a prevenção”, ressaltou o delegado.

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