Aos nove meses, Dayane Barbosa da Silva, 31 anos, enfrentava uma gravidez de alto risco, na qual lidava com uma diabetes gestacional. A manicure, que estava à espera do quarto filho, Adryan Heitor, começou a sentir dores na última sexta-feira (25/8) e foi levada ao Hospital Regional do Paranoá (HRP), onde já havia feito todo o pré-natal.
Lá, foi orientada a retornar no dia seguinte, para realizar alguns exames. No último sábado (26/8), ela e o marido, Adriano Rodrigues da Silva, 30 anos, deram entrada às 6h no hospital, mas só foram atendidos às 10h; um dos exames, uma ecografia, só conseguiram fazer apenas no período da tarde, devido a falta de vagas.
“Pessoas que estavam agendadas, mas não tinham urgência em realizar o exame passaram na nossa frente. Acabamos ficamos por último, enquanto minha esposa passava mal”, relatou Adriano. Na ecografia, constataram que havia muito líquido na barriga da criança e disseram ao casal que a situação não estava boa, porém, o médico daquele plantão optou por não interná-la, conforme explicou o marido. Apenas após Dayane insistir, a internação foi realizada.
A gestante foi internada e os médicos tentaram induzi-la, várias vezes e com medicação, ao parto normal; sem sucesso. Quando a mulher já apresentava fortes dores no abdômen e começou a convulsionar, decidiu-se pela cesárea, no domingo (27/8). No procedimento, houve forte sangramento que provocou a morte da mãe e do bebê, segundo relatou Adriano.
“Se tivessem feito a cesárea o mais rapidamente possível, os dois poderiam ter resistido e eu não voltaria para casa sozinho”, lamentou o marido. “Não tinha por que segurarem ela lá. Deveriam ter feito logo o parto”, frisa a irmã de Dayane, Viviane Barbosa da Silva, que há dois meses também perdeu um filho.
Adryan Heitor era muito esperado pela família. “Estávamos muito felizes com a chegada desse bebê, já que ela sofreu muito com a perda do sobrinho. Estamos destruídos, não sei como vou fazer para ajudar a criar as outras três crianças”, desabafou. “Fizeram um quarto só para o Adryan, com tudo novo, feito com muito carinho. Queremos justiça”, disse a mãe, Otacília Barbosa, em lágrimas.
Procurada pelo Correio, a Secretaria de Saúde informou que, desde o início do atendimento, mãe e feto foram continuamente monitorados e que, durante a evolução do trabalho de parto, a equipe obstétrica evidenciou instabilidade clínica materna, sendo indicada interrupção imediata da gestação.
“A Secretaria ressalta que está apurando o caso e que este será analisado pela Comissão de óbito materno-infantil”, informou. A equipe de reportagem do Correio tentou contato com a 6ª DP, que investiga o caso, mas até o final desta edição não obteve resposta.
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