Dono de um canal do Youtube com quase 4 mil inscritos, um estudante de áudio e vídeo do Instituto Federal Brasília (IFB) produzia conteúdos sobre depressão e autoajuda e usava desse meio para atrair adolescentes e induzi-los a enviarem conteúdos pornográficos e se automutilarem. O cibercriminoso preso no âmbito da operação Gaslighting, nesta quarta-feira (23/8), também planejou um massacre no campus do Recanto das Emas do IFB, conforme o Correio revelou em primeira mão.
Há cerca de cinco anos, o jovem usava a internet para cometer crimes. A polícia identificou ao menos 15 vítimas que eram tratadas como “escravas virtuais”. “Ele escolhia pessoas com quadro psiquiátrico abalado, depressivas, que tinham problemas com os pais, por exemplo, e se aproximava”, afirmou o delegado Tell Marzal, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC).
De acordo com a PCDF, após conseguir que as meninas enviassem a pornografia para ele, o cibercriminoso as escravizava virtualmente e as mandava chamá-lo de “mestre”. Além disso, o suspeito fazia com que as jovens fizessem mais vídeos de conteúdo sexual — cometendo estupro virtual — e de automutilação, escrevendo palavras com uma navalha nos próprios corpos. Por fim, ele as induzia ao suicídio.
Durante as investigações, a equipe da DRCC notou que o investigado usava a rede de computadores do IFB para divulgar o material relacionado ao abuso sexual infantil.
Massacre
No interrogatório, o jovem confessou ter planejado um massacre no IFB do campus Recanto das Emas. O Correio apurou que o garoto namorava uma menina e a ex teria espalhado pela instituição que ele armazenava conteúdos de pornografia infantil. Aos policiais, o acusado alegou sofrer bullying e perseguição.
O massacre, segundo ele, iria ocorrer entre junho e julho, mas teria ficado com receio e desistido. No entanto, após a notícia de que gostava de pedofilia se espalhar, o jovem teria planejado um novo ataque. A reportagem apurou que, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão, foram encontradas três armas de fogo na casa do estudante. Duas delas eram guardadas no quarto dele. Das três, duas eram legalizadas.
Pelos crimes de registro não autorizado da intimidade sexual, armazenamento de pedopornografia, induzimento à prática de automutilação, suicídio e estupro, o cibercriminoso poderá receber pena de até 17 anos de prisão. Ele foi solto após pagar fiança. “Constatamos que ele vinha cometendo esse tipo de crime há, pelo menos, cinco anos. Totalizam 15 vítimas, mas as investigações serão aprofundadas”, pontuou o delegado.
O que diz o IFB
O IFB se manifestou, por nota, e afirmou que tem como um de seus compromissos primordiais a erradicação de qualquer forma de violência. Confira o posicionamento da instituição de ensino na íntegra:
“Nesse contexto, mantém uma atenção constante sobre as atividades que se desenrolam em sua rede e instalações, efetuando monitoramentos de maneira sistemática. Ao identificar qualquer irregularidade, o IFB aciona as autoridades competentes com o propósito de colaborar nas ações que demandam pronta intervenção.
Nesse contexto e no que concerne a Operação Gaslighting, cumpre-nos informar que, quando identificamos atividades suspeitas, imediatamente estabelecemos contato com a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), a qual prontamente deu início a uma investigação completa, contando com o total apoio desta Instituição. Reafirmamos nosso compromisso em combater veementemente qualquer forma de violência. Através da educação, da conscientização e da colaboração com as autoridades competentes, estamos empenhados em colaborar para a construção de uma sociedade segura e inclusiva para todos os cidadãos”.
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