O agente socioeducativo Diogo de Assis Ferreira, 41 anos, acusado de balear uma criança de 10 anos, em Taguatinga, foi solto pela Justiça durante audiência de custódia. Diogo foi preso, na madrugada desta segunda-feira (21/8), depois de efetuar ao menos sete disparos de arma de fogo contra um sargento da Polícia Militar e outras quatro mulheres que estavam com ele. Um dos tiros atingiu o abdômen da filha dele, que está internada em estado grave.
O policial, que prefere resguardar a identidade, relatou que saía de um evento no centro de Brasília junto à mulher, às duas filhas e à cunhada. Todos estavam no carro. O servidor, que era o motorista, passou para deixar a cunhada em casa, em Taguatinga, e buscar o carro dela.
“Paramos em frente ao Conselho Tutelar para deixá-la, por volta das 3h, 4h da madrugada. Enquanto eu desci do carro para ver como estava a rua, ela estava passando para o veículo dela. Foi quando eu vi esse doido atirando, chamando a gente de vagabundo. Foram três tiros. Mandei minhas filhas e minha esposa baixarem. Ele quase descarregou a pistola em mim. Saí arrancando com o carro e quando minha cunhada saiu acelerando, ele sapecou o carro dela de bala”, narrou.
Latidos de cachorro
Na delegacia, Diogo afirmou que acordou com latidos de cachorro e foi até a janela para ver o que era, quando viu um homem mexendo no trailer móvel dele. O agente socioeducativo alegou que, de dentro de casa, questionou o rapaz sobre o que ele estaria fazendo ali, mas não obteve respostas. Ele confirmou que pegou a arma na residência, saiu, falou novamente e viu o homem correr para dentro do carro, momento em que efetuou três disparos em direção ao pneu. Outros quatro tiros foram dados pelo agente contra o segundo veículo, que pertence à cunhada do PM.
No caminho, a filha mais nova, de 10 anos, se queixou sobre dores na barriga, mas a família não imaginava que a garota havia sido atingida por um dos tiros. “Estávamos no centro de Ceilândia, eu parei e disse que precisava olhar a barriga dela. Quando a virei, vi a mancha de sangue. Na hora, fiquei desesperado. Retornei e fomos direto para o Hospital de Ceilândia (HRC)”, explicou o sargento.
A menina entrou para a sala de cirurgia por volta das 8h, pois, segundo o pai, não havia médicos. A garota foi transferida posteriormente ao Hospital da Criança. “Isso é muito revoltante. Minha filha não merecia isso. Só tem 10 anos, não merecia isso. Estou desnorteado, desorientado”, desabafou o PM.
Prisão
Em audiência de custódia, a Justiça determinou a liberdade provisória do agente. “Como uma pessoa que baleou minha filha é liberada primeiro que ela? Ela está aqui, internada ainda!”, questionou o PM.
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape/DF) informou que “está apurando os fatos administrativamente e que está à disposição da Polícia judiciária para quaisquer esclarecimentos”.
Procurada pelo Correio, a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF) esclareceu que ciente do fato — de imediato — encaminhou a questão à Corregedoria da Pasta para que a apuração acerca dos fatos e possíveis impactos na vida funcional do servidor sejam tomadas. “O órgão esclarece que não compactua com condutas dessa natureza e se coloca à disposição para esclarecimentos futuros que possam surgir”, pontuou.
*Colaborou Carlos Silva, estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti
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