Uma prática de quase meio século de existência no coração de Brasília. Nesse domingo (20/8), a Associação Being Tao comemorou 49 anos, na Praça da Harmonia Universal, na Asa Norte. A programação começou às 8h e contou com atividades como o Tai Chi Chuan, café compartilhado, exposição de artesanatos, rodas de conversa e terapia integrativa, além de homenagens ao fundador do grupo, Mestre Woo. Um roteiro vasto para celebrar uma data tão especial.
Durante toda essa jornada na capital federal, sempre no mesmo lugar, a associação tem como principal objetivo não somente difundir a cultura oriental, mais do que isso, busca unir pessoas e formar vidas saudáveis em âmbitos mental, físico e espiritual. Hildo Honório, 82 anos, conhece a história do grupo muito antes de inserir-se no meio. Fã da cultura e dos exercícios ministrados na Praça, vibra por mais um aniversário do Being Tao. "Estou aqui desde 2005, mas antes mesmo de visitar, passava de carro e via as pessoas praticando. Sempre acreditei que um dia viria", afirma.
Os princípios, contato com a natureza e a filosofia oriental, motivaram o professor de linguística a continuar na Associação. O apreço pelos amigos que adquiriu e por tudo o que construiu até então fez com que Hildo escrevesse um livro em homenagem ao grupo e também à praça.
Hoje, muito mais que um participante, ele é um membro histórico e sempre ativo nas organizações de eventos, como o desse domingo. Um movimento grande, que reúne pessoas diariamente. Não importa a idade, tem gente que não perde um encontro sequer. Igara Galvão, 92, tem riso frouxo e saúde forte. Movimenta os braços, fala alto e diz que ama se exercitar ao lado dos colegas.
A aposentada mora a poucos metros de onde as atividades são realizadas. Faz questão de acordar cedo, preparar o café e atravessar boa parte da praça sozinha, para praticar o Tai Chi Chuan. "Eu cheguei aqui em 2014 e conheci a Associação por uma amiga. Ela me chamou um dia, mas eu não sabia o que era. Desde então, nunca mais parei de vir", relembra Igara.
Novas histórias
Ex-presidente da Associação, Gustavo Volker Luedemann, 84, pratica o Tai Chi Chuan desde a década de 1990, quando conheceu o Mestre Woo. Um dos mais antigos entre os presentes, ele acredita que a praça e a associação são uma coisa só. As histórias que passaram pelo espaço se misturam com Brasília. Os hábitos criados ali são uma forma de adquirir uma vida mais longeva, com saúde e paz de espírito.
"Tenho mais flexibilidade do que muitos jovens por aí, tudo graças às reuniões. A meditação aqui também me ajudou muito. Presidi o Being Tao por sete anos. Posso dizer que faço parte dessa jornada", vangloria-se Gustavo. Presente praticamente desde o início, ele vê com bons olhos o crescimento da família.
Os mais novos, hora ou outra, sempre chegam. Maria Luíza da Silva Laranjeiras, 22, é uma dessas tantas apreciadoras do movimento. Estudante de direito na Universidade de Brasília (UnB), esteve na China recentemente, onde ficou por 18 dias. Lá, aprendeu um pouco da cultura e até praticou um pouco do idioma. Com o grupo, o primeiro contato veio assim que conheceu as praticantes de Tai Chi Leque do Being Tao.
Em seguida, começou a participar das reuniões e agora é assídua nos encontros. Ontem, além de marcar presença para festejar, fez uma apresentação de dança chinesa, que mescla passos clássicos e modernos da cultura. "Estou sempre me apresentando, treinando cada vez mais. Aprendi esses passos em um concurso de mandarim que participei no ano passado", recorda Maria. Além da exibição, vestia uma roupa tradicional da China, chamada Hanfu.
Saiba Mais
Um rosto de Brasília
Eleito Cidadão Honorário de Brasília em 2006 e condecadora com o Mérito Cidadão Candango de Brasília em 2012, fundador do Being Tao e uma das figuras mais emblemáticas do Distrito Federal, Moo Shong Woo, o Mestre Woo, é responsável por acolher tantas pessoas na Praça da Harmonia ao longo dessas quase cinco décadas. Aos 91 anos, exibe elegância e felicidade em ver tantos amigos e desconhecidos reunidos.
"Estava meio mal de saúde, mas agora podem me chamar para competição de luta com a categoria 90 pra cima", brinca aos risos. Vez ou outra o Mestre sempre olhava ao redor e sentia-se alegre. Solícito com os pedidos de foto, era praticamente uma estrela entre os presentes. "Veja quantas pessoas temos aqui. Há 30 anos isso era diferente. A praça e a associação são importantes para a humanidade. Saúde, fraternidade e paz. Que venham os 50 anos", deseja o fundador.
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