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São João do Cerrado agita fim de semana com ritmos nordestinos e hip-hop

Na edição deste ano do São João do Cerrado, considerado a maior festa junina do DF e uma das maiores do Brasil, apresentações serão divididas entre os ritmos nordestinos e o gênero musical criado em Nova York

15ª edição do Festival O Maior São João do Cerrado leva multidão a Ceilândia -  (crédito: Divulgação/OMSJC)
15ª edição do Festival O Maior São João do Cerrado leva multidão a Ceilândia - (crédito: Divulgação/OMSJC)
Correio Braziliense
postado em 19/08/2023 14:26 / atualizado em 19/08/2023 14:59

Por Naum Giló — A edição deste ano do Maior São João do Cerrado, festa tradicionalmente realizada no Distrito Federal desde 2007 (com exceção do período da pandemia), vem com novidades. O evento, que começou nessa sexta-feira (18/8) e vai até este domingo (20/8), além de celebrar os ritmos e a cultura nordestina, também dará espaço para grandes artistas do hip-hop, gênero que completa 50 anos de existência em 2023 e que projetou a cidade de Ceilândia nacionalmente na música.

"Quando ficamos sabendo dos 50 anos do hip-hop, tendo conhecimento da relação que a cidade de Ceilândia, que sedia o evento, possui com o gênero e dos grandes nomes que saíram de lá, decidimos que não poderíamos fechar os olhos para isso e resolvemos diversificar", explica Edilane Oliveira, idealizadora e organizadora do festival, quando perguntada sobre o motivo pelo qual levar a cultura hip-hop para um espaço que tem como característica os ritmos nordestinos.

O grupo Pé de Cerrado abriu o palco da 15ª edição do festival O Maior São João do Cerrado. A segunda atração veio direto de Pernambuco. Fulô de Mandacaru relembrou grandes clássicos do forró e falou ao coração dos vaqueiros, ao entoar “Saga de um Vaqueiro”. Na sequência, a ceilandense Ju Marques, uma das revelações do sertanejo na capital, animou o público. Depois, foi a vez de Rick e Rangel, relembrando sucessos de Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano e talentos da nova geração. Depois, foi a vez da cantora Márfcia Fellipe.

Edilane conta que grande parte do público do festival é formado por jovens, que estão ali para ouvir as músicas que ouviram ao lado dos familiares nordestinos que migraram para Brasília nas décadas passadas. "Forró é a memória afetiva deles e o rap é o gênero ao qual eles estão ligados hoje. Nesta edição, vamos abrir o palco para a diversidade e mostrar que Ceilândia é um caldeirão cultural", observa a organizadora.

Relação com o Nordeste

A organizadora do evento tem uma forte relação com o Nordeste. Ela é filha de nordestina e morou muitos anos na Paraíba. Por isso, decidiu criar o festival, 16 anos atrás. De lá para cá, a festa já reuniu 3,9 milhões de pessoas e 25 mil artistas, entre cantores, músicos, atores, bailarinos e artistas plásticos, em 1.620 horas de muita música.

Uma peculiaridade do evento é que ele ocorre em agosto, quando, geralmente, não há mais festividades de São João pelo Brasil. "A decisão de fazer nesse período foi para não concorrer com as festas do Nordeste, como a de Caruaru (PE) e a de Campina Grande (PB). O nosso São João é o último do circuito nacional", ressalta

A arena do Maior São João do Cerrado está localizada ao lado do Estádio Abadião, na QNN 12 de Ceilândia Sul. Ao todo, são 60 mil m² de área, distribuídas entre palco, ilhas de forró, Vila Borborema, parque de diversões, circo, coreto, praça de alimentação e estacionamento. A estrutura fica a poucos metros da estação Ceilândia Centro do metrô. A abertura dos portões é às 18h.

Segundo Edilane, que também é apresentadora do festival, a expectativa é de que entre 50 mil e 60 mil pessoas passem pelo evento em cada um dos três dias. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente pelo site saojoaodocerrado.pagtickets.com.br, a partir de R$ 2, valor solidário cuja arrecadação será doado à Creche Guerreiros da Alegria, na Estrutural.

Rap no São João

Neste domingo (20/8), no lugar de repentistas e cantadores, o palco será ocupado por MCs do DF e de fora da capital. Uma das atrações é o Atitude Feminina, grupo que surgiu 23 anos atrás, em São Sebastião. "Isso não é comum (ter rap em festa de São João), mas mostra a sensibilidade da organização do evento de entender a importância das comemoração dos 50 anos de hip-hop no mundo e 40 anos do gênero no Brasil. O evento é na Ceilândia, um dos maiores celeiros do hip-hop do DF tanto de cena quanto de público", avalia Aninha, uma das integrantes do grupo.

A rapper lamenta que, na visão dela, os principais veículos de comunicação e o Governo do Distrito Federal tenham ignorado o cinquentenário do hip-hop. "Para a cultura do DF é uma data muito importante, porque além de sermos pioneiros neste movimento cultural, somos alguns dos maiores da cena nacional", aponta.

Aninha, ao lado de Helen e dj Raffa Santoro, compõem o grupo formado apenas por mulheres, o que ainda não é tão comum quanto homens cantando as suas rimas. "Isso mostra nosso pioneirismo sendo um dos primeiros grupos com expressão nacional e internacional formado por mulheres que conseguiu despertar na geração nova a vontade de cantar e seguir uma carreira no rap", diz Aninha.

Na noite do hip-hop, também se apresentam RAPadura, Banda Maskavo, Balé Flor do Cerrado, Viela 17 e Edi Rock e Kl Jay, do Racionais MC's. O primeiro show é do Atitude Feminina, às 20h30.

Morango do Nordeste

O cantor Frank Aguiar é veterano do São João do Cerrado. Ele sobe ao palco neste sábado (19/8), trazendo clássicos como Morango do Nordeste, Prenda minha e Mulher madura (Lavou, tá nova!). "Acredito que será um dos melhores shows que faremos. As pessoas estavam com saudade desse tipo de festa", avalia o piauiense que completa este ano 30 anos de carreira na música.

Ele lembra que regiões como Ceilândia e Taguatinga foram alguns dos lugares onde mais tocou quando o seu talento foi revelado para todo o país. "Sempre é bom o reencontro com os fãs. São muitos conterrâneos que me conhecem desde o início da carreira e o São João do Cerrado é a oportunidade para eles matarem a saudade de mim e eu a deles", afirma o artista.

O show desta noite será o primeiro de Aguiar em Brasília depois que cortou o cabelo. "Tirei o rabo de cavalo. Agora é um corte mais parecido com Wesley Safadão", detalha. Pelo fato do público do DF ser um dos que mais o apoiaram ao longo da carreira, o cantor disse que apresentações na capital sempre possuem um significado especial para ele. "Brasília é uma cidade manjedoura, agrega, transborda, porque acolhe pessoas de todos os lugares. Eu amo muito Brasília", declara Frank Aguiar, que já morou na cidade na época em que foi deputado federal, entre 2007 e 2011.

Entre outras atrações, também estão Pé de Cerrado deste ano Fulô de Mandacarú, Ju Marques, Márcia Fellipe, Rick e Rangel, Luka do Piseiro, Os Gonzagas, Grupo Transições, Banda Casaca e Nego Rainer.

Programação do São João do Cerrado 2023*

*Horários sujeitos a alterações

SÁBADO (19/8)

20h30: Luka do Piseiro

21h30: Os Gonzagas

23h00: Grupo Transições

23h15: Banda Casaca

0h40: Balé Flor do Cerrado

1h: Frank Aguiar

2h40: Nego Rainer

DOMINGO (20/8)

20h30: Atitude Feminina

21h30: Rapadura

22h45: Banda Maskavo

0h15: Balé Flor do Cerrado

0h30: Viela 17

2h: Edi Rock e Kl Jay

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