VANDALISMO

Cantora gospel presa cantou em carro de som de financiadores na Esplanada

Fernanda Ôliver cantou para os manifestantes em um trio bancado por financiadores dos atos golpistas, na Esplanada dos Ministérios, às vésperas da tentativa de invasão ao prédio da Polícia Federal. Show foi financiado e pago em dinheiro vivo

O carro de som foi contratado por líderes do QG e financiadores, que pagaram o valor até em dinheiro vivo -  (crédito: Reprodução/Redes sociais)
O carro de som foi contratado por líderes do QG e financiadores, que pagaram o valor até em dinheiro vivo - (crédito: Reprodução/Redes sociais)
Pablo Giovanni
postado em 17/08/2023 19:30 / atualizado em 17/08/2023 19:30

A cantora gospel Fernanda Ôliver, presa pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17/8) por ter fomentado o movimento chamado “Festa da Selma”, cantou para uma multidão de bolsonaristas, na Esplanada dos Ministérios, em um carro de som bancado por financiadores dos atos golpistas, às vésperas da tentativa de invasão a sede da Polícia Federal.

Ôliver fez “sucesso” nos acampamentos golpistas espalhados pelo país ao cantar o “hino das manifestações”. Em uma dessas apresentações, em 10 de dezembro do ano passado, na Esplanada dos Ministérios, o trio elétrico para os discursos e o “show” foi contratado ao preço de R$ 20 mil por vários manifestantes, inclusive sendo pago a dinheiro vivo.

Conforme consta nos extratos bancários obtidos pela Câmara Legislativa (CLDF), financiadores se juntaram e conseguiram pagar o valor em poucos dias dessa manifestação. Um homem, chamado de “Mauro Brasil”, contratou o empresário dono do carro de som, que cobrou o serviço de R$ 20 mil. À polícia, ele relatou que o valor foi pago por várias pessoas.

Primeiro, o próprio Mauro teria dado R$ 4 mil em espécie para o empresário. Outras pessoas, por meio de pagamentos por Pix, enviaram o resto do montante para a conta bancária do empresário. O dono do trio elétrico revelou, ainda, que todas as pessoas em que ele prestou serviços referente a manifestações contrárias à eleição, se intitulavam como líderes do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército.

“O depoente pediu para reforçar que é apenas um prestador de serviços e como já dito antes, prestou serviços para diversos partidos políticos, seja de esquerda seja de direita”, pediu o empresário, ao dizer que o envolvimento dele era só na prestação de serviços.

Conforme o vídeo abaixo mostra, Ôliver cantou o “hino das manifestações” na Esplanada, no trio elétrico cheio de caracterizações, como “Ladrão não sobe a rampa”, “FFAA, honrem a espada de Caxias” e “Garantia dos Poderes Constitucionais da Lei e da Ordem”. Apesar da mobilização, o evento acabou flopando.

À época, existia um embate entre os próprios manifestantes sobre qual seria o lugar cabível para manifestações — o Correio apurou que alguns acreditavam que o Palácio do Alvorada seria o melhor local, enquanto outros defendiam o acampamento em frente ao QG do Exército. 

Ao menos outras duas vezes, o carro de som teria sido contratado para manifestações que pediam golpe. Ela também chegou a cantar no QG.

Operação

Nessa fase da operação Lesa Pátria, o alvo da Polícia Federal foi contra influenciadores digitais que usaram as redes sociais para incitar os ataques de 8 de janeiro. De acordo com as investigações, os acusados usaram o codinome "festa da Selma" para se referir aos atentados. A ação representa a 14ª fase da operação.

Nas redes, a cantora parece ter feito uma "limpa" e retirado qualquer prova que comprovasse a participação no ato. Diferente de outro preso da operação, o pastor Dirlei Paiz, ela não tem fotos que fazem menção a apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No feed, de apenas 50 publicações, há apenas uma foto, compartilhada em 10 de fevereiro, em que está em frente ao Congresso Nacional. “Direita sempre direita”, escreveu na legenda ao lado da hashtag direita conservadora. Ela é natural de Tocantins e foi considerada musa dos atos golpistas.

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