Com um pré-natal tranquilo, Camila Yamaguchi, 41 anos, jamais imaginaria os desafios que viriam após o parto. A tensão, aliás, começou 42 dias antes da data esperada para o nascimento da filha, devido a perda do líquido amniótico que resultou em uma internação. Yasmin Yamaguchi nasceu prematura, com 33 semanas de gestação, em 5 de dezembro de 2022, e foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Santa Marta, até o fim de janeiro.
As expectativas não eram positivas, visto que, além da prematuridade, a bebê teve o diagnóstico de defeito do septo atrioventricular com hipertensão pulmonar. "Essa condição é incompatível com a vida porque a criança fica com baixa oxigenação", explica o pai, o servidor público Roberto Yamaguchi, 39.
Assustada, a família procurou ajuda perto de casa, na Unidade Básica de Saúde (UBS) 2 de Taguatinga, na Praça do Bicalho. De lá, a menina foi encaminhada ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde avaliaram o grau de gravidade da doença. Por fim, o Complexo Regulador do DF direcionou o atendimento ao Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF).
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No ICTDF, Yasmin teve a oportunidade de fazer um tratamento de alta complexidade sem precisar ir para longe do DF. Seus olhos miúdos tornaram-se cheios de vida e de esperança. "Fiquei lá praticamente um mês. Tive contato com muitas mães, e várias moram em outros estados", lembra Camila. A jornada de internações e receios finalmente se encerrou no fim de julho deste ano, quando a pequena recebeu alta do Instituto.
"Quero deixar bem clara a minha gratidão à secretaria, ao ICTDF e a todos os envolvidos. Os melhores médicos estão no SUS (Sistema Único de Saúde)", agradece a mãe de Yasmin. Agora, os anseios são para que, aos oito meses, ela, que também foi diagnosticada com Síndrome de Down, possa desenvolver ainda mais a capacidade cardiopulmonar e realizar seus sonhos. "É viver um dia após o outro, esperando que o melhor aconteça", finaliza Roberto.
Fila
O ICTDF é uma organização sem fins lucrativos contratada pela Secretaria de Saúde (SES-DF) para realizar atendimento a pacientes de alta complexidade. O instituto superou a marca de cem cirurgias cardíacas em crianças, apenas em 2023.
A instituição do terceiro setor tem um contrato de R$ 186 milhões com a SES-DF para realizar atendimentos cardiológicos. Até 21 de julho, foram 691 cirurgias entre adultos e crianças, 2.096 procedimentos de cateterismo e 585 angioplastias, entre outros, somando 3.637 atendimentos, 2.270 só neste ano.
"Trabalhar em parceria com a SES-DF é vital para a sustentabilidade do instituto, visto que 90% da produção da instituição, que é filantrópica sem fins lucrativos e organização do terceiro setor, são voltados para o atendimento dos pacientes encaminhados pela pasta", afirma o superintendente do ICTDF, Gislei Oliveira.
A organização também realiza transplantes de órgãos para pacientes do SUS, tendo registrado mais de 130 procedimentos em 2023. "A rede complementar de saúde é fundamental para oferecermos o melhor tratamento possível para a população. Por isso, a assinatura desse contrato foi uma prioridade logo no início da gestão, tendo validade inicial de dois anos", destaca a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio.
Em vista dessa parceria, hoje, aguardam na fila para a realização de cirurgias cardíacas na rede pública 17 pacientes, conforme informações da SES-DF. Haver solicitação, com esse número tão baixo, não significa necessariamente uma espera, dado que os procedimentos pré-operatórios, como exames, já podem ter sido iniciados. Os procedimentos são realizados pelo Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB) e pelo ICTDF.
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