O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública de Ibaneis Rocha (MDB), Anderson Torres, rebateu o ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. À CPI, Torres disse que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) tentou desmobilizar o acampamento no Quartel-General do Exército, contrariando Dutra em depoimento em maio.
Torres é ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa. Aos distritais, disse que não quer comentar o depoimento de Dutra, mas que a PMDF tentou desmobilizar o acampamento, em dezembro, na gestão do ex-secretário Júlio Danilo. “Eu não vou comentar o depoimento do general aqui. Mas, as imagens com 500 policiais militares parados esperando a autorização do Exército para tirar o acampamento, e alguém vir aqui e dizer que não agiu, que não era atribuição e que não está fazendo é complicado. É o que precisa ser apurado por esta CPI”, disse.
“A PM chegou a juntar 500 policiais, e não estou falando da minha gestão não. Foi no ano passado. Eles que não permitiram. Tem alguma coisa errada nesse depoimento, com todo respeito, sem querer fazer comentários de outros depoentes”, completou Torres.
Em maio, Dutra disse que a SSP nunca tentou desmobilizar o acampamento de bolsonaristas no QG. Na oportunidade, o militar explicou que, além desse, outros protocolos não fizeram menção à retirada de acampamentos, e sim a ilegalidades no local, como comércio irregular e “gatos” de energia. Mesmo que houvesse o desejo do governo do DF de remover o acampamento, Dutra explicou que no PAI isso não é citado. Um dos episódios ocorreu em 29 de dezembro e acabou com a desmobilização de agentes da DF Legal.
“Todas as vezes que eles foram (DF Legal e PMDF) no Setor Militar Urbano, o PAI foi executado por demanda do CMP, inclusive para o dia 29 de dezembro. O PAI que me foi encaminhado pelo secretário de Segurança Pública (Júlio Danilo) no dia 28 fala o tempo todo em ‘desmonte do ilícito’. Em nenhum momento fala sobre desobstrução do acampamento”, disse o general.
Depoimento
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres é ouvido hoje, às 10h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). Torres ficou preso 117 dias. Preso em 14 de janeiro, foi solto em 11 de maio, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Existia um clima de incerteza sobre o comparecimento ou não do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), mas a defesa confirmou a presença dele na sessão da CPI de hoje, principalmente após a performance positiva de Torres no depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, do Congresso Nacional. Antes do tão aguardado depoimento, Torres deixou de ir à CPI da CLDF uma vez, em março. Na época, Moraes ressaltou que cabia ao próprio ex-secretário escolher se deveria ou não comparecer.
Para convencê-lo, os distritais chegaram a propor uma sessão secreta, para que fosse evitada a exposição dele, principalmente porque Torres se queixava a interlocutores de que não queria que as três filhas o vissem na condição de preso. O período também ficou marcado por Torres tentar se desvencilhar de Bolsonaro, trocando de advogado, que, à época, também era do próprio ex-presidente.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Bernardes
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