As atividades físicas são mantras de quem procura ter qualidade de vida. Pilares nos discursos de especialistas, são protagonistas da longevidade. Por todo o Distrito Federal, não faltam espaços para que exercícios físicos sejam praticados, em grupo ou individualmente.
No Brasil, um dos principais problemas enfrentados é o sedentarismo. O último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que cerca de 47% dos brasileiros não praticam nenhum tipo de atividade física. Entre os jovens o percentual é de 84%.
Para reverter essa tendência, diversas iniciativas têm sido implementadas pelos setores público e privado para incentivar a prática de atividades físicas. Entre os diversos pontos da capital, espaços comunitários têm ganhado a atenção dos brasilienses, que veem neles uma alternativa para se exercitar em equipamentos adequados e ao ar livre.
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Mudança de vida
A aposentada Zeila Oliveira, 83 anos, pedala todos os dias de casa, na Asa Sul, até o Parque da Cidade. E isso não é de hoje. "Desde que eu me entendo por gente sempre fiz exercícios. Gostava muito de fazer ginástica. Agora, fico mais na musculação", contou.
Em uma das visitas diárias ao local, ela conheceu o projeto Mude, que desde julho tem no Parque da Cidade um espaço completo para atividade física. "Não basta só caminhar. Isso ajuda também, mas tem que fazer mais", reforçou.
Além da melhora no bem-estar físico, a aposentada conta que os benefícios se estendem à vida social. Se exercitar na companhia de outras pessoas trouxe uma nova alegria à Zeila. "É a melhor coisa que tem: você vem aqui e faz ótimas amizades. Velho não pode ficar em casa que morre, meu filho", satirizou.
A constatação de que a felicidade está no convívio também é do professor Pedro Henrique, 33 anos, um dos colaboradores do espaço. "É muito bom ver a evolução dos alunos. Aconselho que todos façam alguma atividade física. Saúde em primeiro lugar. É uma mudança pontual, mas que reverbera para todas as outras áreas da vida", disse.
Corpo e mente
Enquanto uns preferem se exercitar na companhia de muitas pessoas, outros têm na atividade física um momento de meditação. Esse é o caso da aposentada Rosa Bezerra, 70 anos, outra praticante a marcar presença todos os dias no Parque da Cidade.
Ela também é amante das atividades físicas, as quais pratica desde a adolescência. A idade chegou e os tempos mudaram, mas a paixão pelos exercícios continuou a mesma. "Hoje, faço hidroginástica regularmente numa unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc) e faço caminhada aqui no parque todos os dias. Sempre aproveito para me aquecer um pouco no Ponto de Encontro Comunitário (PEC)", descreveu. "A atividade física se incorporou à minha vida. Tenho saúde e equilíbrio emocional. Passei a ser uma pessoa mais feliz. Fiquei mais paciente, perseverante e durmo muito bem! Os exercícios são a mola propulsora da minha vida."
Devagar e sempre
Além do foco nos resultados, é importante ter em mente que grandes mudanças não acontecem do dia para a noite. Pensando assim, é que o aposentado Geraldo Caixeta, 63 anos, seguiu se exercitando pelos últimos 30 anos. Quando era mais novo, ele não abria mão do futebol com os amigos. A idade foi chegando e ele resolveu pegar mais leve. Agora, todas as terças e sextas ele sai de casa, no Lago Sul, e e vai para o Parque da Cidade. "Gosto muito daqui. É um ambiente bom e tranquilo", pontuou calmamente.
Para ele, a constância é fundamental. A atividade no parque acontece em dois dias específicos, mas continua nos outros dias da semana, mesmo que mais perto de casa. Tudo começa com um breve aquecimento nos aparelhos dos PECs. Depois, os movimentos ganham velocidade. "Vou me esticando ali e logo inicio com uma caminhada. Aí então, começo a correr", detalhou.
Geraldo conta que os benefícios são inúmeros. "Me sinto muito bem. Zero dor, até o momento. Estou com 63 anos e há tempos que não sei o que é uma dor de cabeça, dor na perna, nada. Sempre corro devagar, não gosto de exceder. É aquela coisa, devagar e sempre. Quero correr mais uns 20 ou 30 anos", brincou.
Vida mais saudável
O cardiologista Renato David da Silva, do Hospital Santa Marta, é um dos que reforça a relevância dos exercícios físicos para a saúde. O especialista destaca que as atividades podem trazer uma série de benefícios para o organismo, principalmente para o coração. "Além de promover um bem-estar físico, reduz o risco de doenças cardiovasculares como, por exemplo, infarto, os acidentes vasculares cerebrais conhecidos como derrames e outras doenças também", explicou.
Fazer exercícios físicos também é essencial para quem possui algum tipo de doença cardiovascular. "Naqueles pacientes que são portadores de doenças, como hipertensão e diabetes, a atividade física auxilia no seu controle, minimizando complicações futuras."
"Com o envelhecimento, nosso organismo passa por algumas mudanças típicas em pessoas mais velhas, como a perda óssea e também uma alteração da musculatura esquelética, o que resulta na redução da força e massa muscular. A atividade física pode prevenir esses eventos, resultando em menor risco de queda, fraturas e complicações geradas por essas alterações", esclarece.
Outro lado
Se por um lado os pontos positivos são numerosos, por outro a falta de atividade física pode trazer malefícios. "Pacientes sedentários têm maior predisposição a doenças degenerativas, como diabetes e aumento do colesterol, que é um fator associado a riscos de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Eles têm maior risco de lesões ortopédicas, doenças articulares e obesidade", alertou.
Porém, é essencial que qualquer mudança no estilo de vida seja feita de forma gradual e acompanhada por profissionais de saúde. "Sabemos que, muitas vezes, o início da atividade sem adequada orientação pode resultar em complicações, que além de trazer dores e desconforto podem prejudicar que esse indivíduo mantenha atividade regular", advertiu Silva. Mas um ponto é consensual entre os especialistas: é preciso começar a praticar atividades físicas. "Comece e que se estenda para a vida inteira", conclui o cardiologista.
*Estagiário sob a supervisão de Suzano Almeida
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