ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS/

Fala golpista foi "brincadeira", diz major durante depoimento à CPI

Ao depor na da Câmara Legislativa, o major Alencar negou que tivesse mandado PMs saírem da Esplanada e tentou explicar mensagem sobre invasão ao Congresso

Pablo Giovanni
postado em 04/08/2023 03:55
 Segundo  o major Alencar, mensagem que enviou foi para grupo não institucional onde conversavam sobre temas aleatórios -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Segundo o major Alencar, mensagem que enviou foi para grupo não institucional onde conversavam sobre temas aleatórios - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Flávio Silvestre de Alencar  disse ontem, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF (CLDF), que estranhou ter sido escalado verbalmente para ser comandante do batalhão que cuida da Esplanada no dia dos atos. Ele também negou ter acenado para colegas saírem da área e argumentou que a mensagem enviada em dezembro, na qual escreveu "na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso", não passou de "uma brincadeira".

Alencar chegou à CLDF acompanhado de PMs da Academia de Polícia, onde está preso preventivamente há mais de 70 dias. Ao contrário de outros que já depuseram na CPI, o oficial foi "acolhido" por muitos militares que foram até o local manifestar apoio a ele. Aos distritais, disse que não compactua com qualquer tentativa de golpe, que está na corporação há 15 anos e tem uma "carreira exemplar".

Segundo relatou, foi escalado para comandar o batalhão da Esplanada às 18h do sábado (7/1), na véspera dos atos, e achava que o ex-comandante do 1o Comando de Policiamento Regional, coronel Marcelo Casimiro, assumiria as rédeas da operação no domingo. "A minha missão era fazer a distribuição de policiamento (...) Como eu era comandante da área, achava que o comandante da corporação queria que eu fizesse a distribuição dos policiais no terreno para assumir depois a manifestação", afirmou.

"Imaginava que eu poderia estar ali no dia 8, mas me chamou a atenção ter sido escalado verbalmente. Não foi uma ordem ilegal, mas oficialmente não há escala nem nada que diga que eu tinha que fazer essa missão pela PM", completou, sobre a ausência de despachos para determiná-lo.

Substituição

À CPI, em junho, Casimiro disse que estava de folga no 8 de janeiro, e que teria que escolher um oficial para substituí-lo, por determinação do coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) e atualmente preso em cela ao lado de Alencar.

Sobre o efetivo no dia, o major afirmou que 311 policiais se apresentaram a ele e frisou que, mesmo não havendo despacho para que atuasse na região da Esplanada,  cumpriu a determinação e foi a campo. Outro ponto sensível no depoimento foi a suposta ordem que Alencar teria dado para recuo das tropas, o que motivou a invasão de manifestantes ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).

O major assegurou que a imagem divulgada pela imprensa com ele "acenando" para os PMs do cordão de isolamento foi "editada". E que, na verdade, o aceno foi para chamar viaturas com o objetivo de salvar o então comandante-geral da PMDF, o coronel Fábio Augusto Vieira, que estava em frente ao Congresso. "Eu não dei essa ordem para tirar a linha de choque de lá, como a imprensa, de forma equivocada, divulgou. O movimento com o braço foi para as viaturas entrarem no comboio para resgatar os policiais e o comandante-geral [no Congresso]", ressaltou. 

Sobre a mensagem que a PF encontrou no celular do tenente Pereira Martins — alvo da 5ª fase da operação Lesa Pátria, num grupo do WhatsApp, o oficial confirmou que a escreveu, mas chamou o texto de  "brincadeira". Disse que a enviou em dezembro, em referência às notícias sobre possibilidade de extinção do Fundo Constitucional do DF (FCDF). "Mandei mesmo, foi uma mensagem infeliz. Porém, precisamos contextualizar os fatos. O grupo no qual fiz a postagem não era institucional, [e lá] conversávamos sobre assuntos aleatórios", argumentou. 

 


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