CPI

Major diz ter sido convocado verbalmente para comandar Esplanada no 8/1

Alencar explicou que 311 policiais se apresentaram para atuação no 8 de janeiro. Apesar de ter sido escalado para ser comandante, major disse que o chefe da região assumiria no decorrer da manifestação

Pablo Giovanni
postado em 03/08/2023 14:27 / atualizado em 03/08/2023 15:33
CPI - Depoente Major Flávio Silvestre Alencar -  (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
CPI - Depoente Major Flávio Silvestre Alencar - (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

O major Flávio Silvestre de Alencar, preso pela Polícia Federal na operação Lesa Pátria, explicou que foi escalado verbalmente para ser comandante do 1° Comando de Policiamento Regional (1° CPR), pelo coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, na noite anterior aos atos golpistas de 8 de janeiro. O oficial deu números de quantos policiais poderiam estar na Esplanada no início dos ataques golpistas.

Alencar acrescentou que Casimiro assumiria a chefia do comando que cuida da Esplanada durante o deslocamento dos manifestantes. A declaração ocorreu durante o depoimento do major na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF). “A minha missão era fazer a distribuição de policiamento (...) Como eu era comandante da área, eu imaginaria que o comandante da corporação, coronel Casimiro, queria que, inicialmente, eu fizesse a distribuição dos policiais no terreno, e ele iria assumir depois a manifestação”, disse.

“Me chamou a atenção (ter sido escalado verbalmente). Eu já imaginaria que eu poderia estar ali no dia 8, mas chamou a atenção ter sido escalado verbalmente. Mas não era uma ordem ilegal. De fato, oficialmente não há nenhuma escala e nada que eu diga que eu tinha que fazer essa missão pela Polícia Militar, não há nenhuma escala para eu atuar ali”, completou o major, sobre a ausência de despachos para determiná-lo a ser comandante da operação.

Alencar citou que não esteve em nenhuma reunião sobre planejamento e reiterou que não recebeu ordem de serviço para atuar na região da Esplanada no dia 8 de janeiro. O oficial deu números de quantos policiais militares poderiam ter atuado nos atos.

“O total de policiamento que se apresentou para mim foi de 311 policiais militares. Quando cheguei no terreno, eu não tive acesso a nenhum tipo de escala, e não sabia o efetivo que iria receber. Cheguei de manhã (no 8 de janeiro), o coronel Casimiro me ligou e disse que eu receberia duas companhias de manhã, e por volta das 10h, me disse que 'você (o major) vai receber o efetivo do CFP (Curso de Formação de Praças)'. Poderia ser 10 ou 500 (policiais), eu não sabia”, disse.

“De manhã, chegaram o pessoal do 1° CPR e policiais do Comando de Policiamento Especializado. Chegando esse efetivo, fui empregando nos pontos para o isolamento da Esplanada (...) O efetivo, inicialmente, foi de aproximadamente 100 policiais para fechar a Esplanada dos Ministérios”, prosseguiu Alencar.

O oficial disse que não achou estranho o pouco efetivo empregado por Casimiro, e que, como a missão era só distribuir o policiamento, o cumpriu. Logo em seguida, contou o número de praças empregados no 8/1. “Chegou o efetivo do CFP, de 188 policiais, e depois, por volta de 13h, chegaram 70 policiais. Foi esse efetivo que se apresentou: 311 policiais militares”, ressaltou.

Coronel Casimiro

À CPI da CLDF em 5 de junho, o coronel Marcelo Casimiro, ex-comandante do 1° CPR — responsável pela Esplanada — disse que estava de folga no 8 de janeiro e demandou Alencar para ser comandante no 8 de janeiro.

Casimiro explicou que o ex-comandante do Departamento de Operações (DOP), coronel Jorge Eduardo Naime, determinou a ele escalar um oficial para comandar a tropa. Então, o major Flávio Alencar foi apresentado para comandar a tropa.

“No dia da operação (8 de janeiro), o major Flávio Alencar era comandante da operação. Não era eu o comandante da operação. Eu estava em casa, de bermuda, relaxado, de bermuda, com a minha família, acompanhando, porque não sou uma pessoa omissa, acompanhando as notícias”, disse.

CPI

O major da PMDF Flávio Silvestre de Alencar será ouvido nesta quinta-feira (3/8), às 10h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF). O oficial teria determinado o recuo de tropas da corporação na via de acesso à Praça dos Poderes, em 8 de janeiro.

O major está preso na Academia de Polícia Militar do Distrito Federal, em cela próxima à do ex-comandante do DOP, Jorge Eduardo Naime. O requerimento para convocação do oficial é do deputado distrital Fábio Felix (PSol).

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