O major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Flávio Silvestre de Alencar explicou que não determinou o recuo de nenhuma tropa da corporação durante os atos de 8 de janeiro. O oficial assegurou que a imagem onde ele aparece dando um “aceno”, seria na verdade chamando viaturas da Patamo para salvar o então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira, que estava sendo cercado no Congresso Nacional.
Aos distritais da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), o oficial foi categórico ao dizer que, quando chamou as viaturas da Patamo, era porque elas estavam fora do cordão de isolamento da via que dava acesso ao Supremo Tribunal Federal (STF). “O aceno com a mão não era para tirar a linha de (do Batalhão de) Choque. Eu não dei essa ordem, como algumas reportagens, de forma equivocada, deram sobre mim. O movimento com o braço era para as viaturas entrarem no comboio para resgatar os policiais e o comandante-geral (no Congresso)”, disse.
O oficial explicou que estava com uma equipe ao lado do Palácio do Planalto e que as munições químicas estariam acabando quando recebeu informações de que a tropa que fazia o cordão de acesso ao STF também se queixavam da falta de munição. “Eu tive a tranquilidade de observar que aqueles policiais daquelas viaturas não estavam sendo empregados porque estavam sem munição de baixa letalidade. Nenhum deles saiu da linha de choque, porque a linha de choque já estava lá atuando”, completou.
Alencar pontuou que esteve com o ex-interventor, Ricardo Cappelli, que retrucou o depoimento do oficial à PF com os vídeos em que ele aparece supostamente determinando o “recuo” de policiais militares. “Ele me confrontou o meu depoimento com os vídeos, sem edição. Ao final, ele virou para mim e me disse que estava satisfeito (com o que ouviu): ‘o senhor deve achar que a reportagem foi incisiva’. Na hora, eu disse que eu compreendo (o que as pessoas acham sobre o recuo), porque para quem assiste, fica parecendo que a saída das viaturas motivou a invasão ao STF”, disse.
Depoimento e prisão
De acordo com o oficial, em depoimento à PF reiterado à CPI, ele recebeu chamados de um ajudante de ordens do então comandante-geral, que estava sendo cercado dentro do Congresso Nacional. Alencar então, em uma viatura, foi ao bloqueio dos policiais que faziam a proteção do STF e explicou para o tenente Pereira Martins a situação. Ocasião em que pediu a retirada de 16 policiais para a operação de salvamento do coronel Fábio, que acabou sendo agredido com um cone na cabeça.
No entanto, todas as viaturas — e ônibus — deixaram o bloqueio. O oficial também reiterou que havia pouco armamento químico para combater a ofensiva dos invasores. Mas, não soube dizer o que teria motivado a saída dos policiais.
Conforme divulgado pelas imagens do circuito interno do STF, quando os policiais recuaram, manifestantes avançaram o isolamento e iniciaram a entrada dentro dos prédios do Supremo, do Congresso e do Palácio do Planalto, tomando conta da Praça dos Três Poderes.
CPI
O major da PMDF Flávio Silvestre de Alencar será ouvido nesta quinta-feira (3/8), às 10h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF). O oficial teria determinado o recuo de tropas da corporação na via de acesso à Praça dos Poderes, em 8 de janeiro.
O major está preso na Academia de Polícia Militar do Distrito Federal, em cela próxima à do ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, Jorge Eduardo Naime. O requerimento para convocação do oficial é do deputado distrital Fábio Felix (PSol).
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