CPI do 8/1

CPI do DF ouve major preso que ordenou recuo de PMs durante atos do 8/1

O major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Flávio Silvestre de Alencar foi preso pela PF duas vezes, em fases da Operação Lesa Pátria. Ele está em cela ao lado do coronel Eduardo Naime, na Academia de Polícia

Pablo Giovanni
postado em 03/08/2023 03:55
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro -  (crédito:  Ed Alves/CB)
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro - (crédito: Ed Alves/CB)

O major da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Flávio Silvestre de Alencar será ouvido nesta quinta-feira (3/8), às 10h, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF). O oficial teria determinado o recuo de tropas da corporação na via de acesso à Praça dos Poderes, em 8 de janeiro.

O oficial já foi preso duas vezes pela Polícia Federal, na operação Lesa Pátria, em decorrência dos desdobramentos dos atos golpistas. À época da última prisão dele, na 12ª fase da operação, o Correio apurou que a PF encontrou uma troca de mensagens do oficial em um grupo de mensagens do WhatsApp, em dezembro de 2022, nas quais ele afirma que, "na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso".

As mensagens foram encontradas no telefone do tenente Pereira Martins — alvo da 5ª fase. A informação foi dada inicialmente pelo G1 e confirmada pela reportagem. Com a revelação de novos elementos, a corporação entendeu ser necessário a prisão do oficial para não comprometer o avanço das investigações.

Ao ser preso pela primeira vez, também na 5ª fase, o oficial explicou, em depoimento à PF em fevereiro, que determinou o recuo da tropa de Choque para socorrer o então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira. Ele comandava o Batalhão de Choque, na ausência do coronel Marcelo Casimiro, que estava de folga.

De acordo com o oficial, ele recebeu chamados de um ajudante de ordens do então comandante-geral, que estava sendo cercado dentro do Congresso Nacional. Alencar então, em uma viatura, foi no bloqueio dos policiais e explicou para o tenente Pereira Martins — o mesmo da tropa de mensagens em dezembro — a situação. Ocasião em que pediu a retirada de 16 policiais para a operação de salvamento do coronel Fábio, que acabou sendo agredido com um cone na cabeça.

No entanto, todas as viaturas — e ônibus — deixaram o bloqueio. O oficial também afirmou que o efetivo da Tropa de Choque era insuficiente, mas que ele não é o responsável por determinar o número de policiais para operações do tipo. Além disso, havia pouco armamento químico para combater a ofensiva dos invasores.

Conforme divulgado pelas imagens do circuito interno do STF, quando os policiais recuaram, manifestantes avançaram o isolamento e iniciaram a entrada dentro dos prédios do Supremo, do Congresso e do Palácio do Planalto, tomando conta da Praça dos Três Poderes.

O major está preso na Academia de Polícia Militar do Distrito Federal, em cela próxima ao do ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, Jorge Eduardo Naime. O requerimento para convocação do oficial é do deputado distrital Fábio Felix (PSol).

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