A Quadrilha Pau Melado, de Samambaia, levou a melhor e venceu a 8ª edição do Campeonato Brasileiro de Juninas promovido pela pela Confederação Nacional de Quadrilhas Juninas (Conaqji). O evento ocorreu no último final de semana, dias 29, 30 e 31 de julho, na Vila São José, em Brazlândia. O grupo apresentou o espetáculo “Identidades do nosso balaio cultural”, que evidenciou os personagens marcantes da cultura popular nordestina. O Vice-campeonato e o terceiro lugar ficaram com as juninas Êta Lasquêra (DF) e Estrela do Norte (AP), respectivamente.
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“A Pau Melado sempre esteve entre as grandes quadrilhas do Brasil, com sete títulos brasileiros conquistados. Ganhar esse campeonato foi um momento importante, pois voltamos a dizer ao país que a identidade de Brasília está viva e presente no cenário nacional. A vitória também mostrou que o ciclo de 2023 foi de resgate dessa raiz no movimento. Vimos que os pódios deste ano trouxeram justamente essa defesa tradição. Demonstra que a resistência e o fazer cultural estão voltando. É uma regionalidade viva e pulsante no Distrito Federal”, contou o presidente e marcador do grupo, Hamilton Tatu.
Em cena, o grupo de Samambaia levou 60 pessoas, entre dançarinos, apoio e personagens. No enredo do espetáculo, os quadrilheiros evidenciaram a “Arriúna”, movimento criado no quadradinho que evidencia o estilo “saruê” de dançar quadrilha. Um dos momentos mais marcantes da encenação foi a mensagem direcionada aos políticos e gestores que tentam invisibilizar o movimento e não dão apoio à cultura. “É triste demais ver tantos grupos incríveis sendo impossibilitados de representar a cidade e o estado em concursos. Eles não levam apenas o nome da quadrilha. Eles trazem a força da cultura na região. A mensagem que trouxemos ao arraial foi para conscientizar, sobretudo, as pessoas do poder. Aquelas que podem transformar realidades e potencializar a cultura”, acrescentou Tatu.
A Êta Lasquêra - também da Samambaia - conquistou o vice-campeonato com o tema “A estética do Cangaço visita as danças regionais nordestinas”. O grupo é referência no estudo da identidade e síntese do Cangaço. A noiva da quadrilha, Erika Guedes, celebrou a vitória e revelou que essa foi a melhor apresentação da equipe no ciclo. “Reafirmo que foi uma das melhores apresentações que a Êta Lasquêra fez. Nós entramos no arraial com o foco de fazer o melhor para o público e foi muito contagiante a receptividade das arquibancadas, de outras quadrilhas, das pessoas e dos familiares. Eu acho que o nosso foco maior era chegar e fazer uma ótima apresentação e conseguimos. O grupo está muito feliz e ainda vamos celebrar juntos essa vitória”.
O quadrilheiro e coordenador geral da Êta, Márcio Nascimento, também vibrou com o resultado e falou sobre a visibilidade que o evento trouxe ao grupo no cenário nacional. “O quadrilheiro e coordenador geral da Êta, Márcio Nascimento, também vibrou com o resultado e falou sobre a visibilidade que o evento traz ao grupo no cenário nacional. “Nunca foi nossa pretensão ser campeão brasileiro, mas ver o trabalho sendo reconhecido nacionalmente é bastante importante. Ser aplaudido de pé por toda a arquibancada foi emocionante e, antes de visar troféu, é isso o que nós buscamos. Todos os grupos presentes foram campeões de seus Estados então o Brasileiro serve de uma grande mostra nacional a qual talvez nem devesse ser uma competição, visto a especificidade da cultura junina de cada Estado”.
“Resistência é o meu São João”. Este foi o tema apresentado e vivenciado pela junina “Estrela do Norte”, da cidade de Macapá, no Amapá. O espetáculo retratou as dificuldades dos grupos para manter as tradições e denunciou a falta de incentivo do poder público com o movimento. “Falamos sobre as dificuldades que enfrentamos dentro de casa e nos arraiais. Muita gente acha que dançar quadrilha é coisa de quem não tem o que fazer e não é isso. A gente defende as nossas raízes e a nossa cultura. Nosso espetáculo também faz um apelo ao movimento. Hoje com a evolução da quadra junina, se os grupos não incentivarem a regionalidade, vamos acabar perdendo a essência do São João”, disse o presidente e marcador da Estrela do Norte, Cláudio Vaz.
A resistência também marcou a vinda dos quadrilheiros da Estrela até o Distrito Federal. Eles precisaram viajar por mais de 1,9 mil quilômetros em uma rota que durou mais de 52 horas. “Viemos do extremo norte do país. Uma viagem de 24 horas de barco e de 28 horas de ônibus, mas que nos recompensou muito. Acreditamos que diante dessa dificuldade, a nossa maior conquista foi dançar na capital. Só pelo fato de chegarmos aqui já somos campeões”, disse o presidente e marcador do grupo, Cláudio Vaz.
Celebração à diversidade cultural
O concurso fez parte da celebração do aniversário de 90 anos de Brazlândia e reuniu mais de 20 mil pessoas na Região Administrativa. O coordenador geral do evento, Michael Helry, celebrou - para além da competição - a troca cultural entre os grupos. “Tivemos a alegria de receber quadrilhas de diferentes estados, cada uma trazendo consigo suas particularidades e peculiaridades culturais. Foi uma verdadeira celebração da diversidade do nosso país, onde todos puderam compartilhar suas raízes e se inspirar uns nos outros. O público se mostrou verdadeiramente encantado com as apresentações. Foi emocionante ver as pessoas vibrando, cantando e dançando ao som das quadrilhas. Cada detalhe, cada passo coreografado, trouxe à tona a alegria e o orgulho de preservar nossa cultura junina”.
Confira a classificação geral das quadrilhas
1. Pau Melado (DF) - 398.5
2. Êta Lasquêra (DF) - 397.9
3. Estrela do NOrte (AP) - 396.8
4. Garranxê (RR) - 395.1
5. Chamego Bom (GO) - 392.6
6. Caipira na Roça (AM) - 392.3
7. Bigben Show (PA) - 391
8. Asa Branca (BA) - 388.3
9. Rosa dos Ventos (PB) - 387.5
10. Sacode Poeira (SP) - 387.5
11. Arraial Pé Roxo (MG) - 384.5
Ausências (Apoio para transporte negado)
1. Nação Junina (TO)
2. Flor do Amor (MA)
3. Gonzação do Pavilhão (RJ)
4. Lua de Prata (PI)
5. Xodó da Vila (SE)
6. Luar do Sertão (AL)
Confira os melhores momentos das quadrilhas
1º Lugar: Pau Melado (DF)
2º Lugar: Êta Lasquêra (DF)
3º Lugar: Estrela do Norte (AP)
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