Audiência

Tatiana Matsunaga, atropelada por advogado no Lago Sul, é ouvida no Júri

O militar da reserva Edmar Milhomem, 64, veio de Boa Vista-RR para acompanhar julgamento do filho em júri popular. Ele foi barrado com aparelho para fisioterapia

Pai do advogado Paulo Ricardo Milhomem, que atropelou a servidora pública Tatiana Thelecildes Fernandes Matsunaga, no Lago Sul, o militar da reserva Edmar Milhomem, 64, veio de avião de Boa Vista (RR) para acompanhar o julgamento do filho em júri popular. A sessão começou às 10h20 desta terça-feira. A vítima, Tatiana Matsunaga, 41, foi a primeira a falar.

Durante 47 minutos, ela respondeu perguntas do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), dos advogados da acusação e da defesa do réu. A reportagem apurou que ela comentou sobre o estado de saúde, que ainda exige cuidados devido as lesões na cabeça.

Às 11h03, se iniciou o depoimento do marido da vítima, Cláudio Matsunaga. Ele também responde perguntas da Juíza Presidente do Júri, Dra. Nayrene Souza Ribeiro da Costa, da promotoria e dos advogados de acusação e defesa.

Para o pai do advogado, Tatiana entrou na frente do carro durante o atropelamento. "Ela estava discutindo, trancando o carro do meu filho. quando ele viu que não tinha como passar, ele tentou sair. Aí ela vai para calçada e se joga na frente do carro", argumenta.

Para ele, o processo judicial está cheio de falhas. "O julgamento somente foi marcado por pressão do advogado. Porque, senão, ele ficaria mais uns seis anos preso", opina Edmar.

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Ao tentar entrar na audiência, Edmar foi barrado de entrar com um hand grip, um aparelho com mola para fazer força no punho e antebraço. Ele usa o objeto há quatro anos por indicação de fisioterapeuta após ter machucado o dedo indicador em uma queda durante partida de futebol. "Falaram que eu poderia usar isso como uma arma. Isso é um absurdo porque é uma repartição pública. Não pude nem entrar no banheiro", desabafa.

Por duas vezes, Edmar foi convidado por seguranças do Tribunal a entrar na sessão, mas se recusou por estar chateado com o tratamento recebido. 

Defesa de Paulo Ricardo

Em nota, a assessoria de imprensa do réu informou que, no último sábado (22/7), foi apresentado o laudo pericial da Polícia Civil do DF em relação ao acidente em agosto de 2021. Desde o início do inquérito, a defesa alega que tem explicado, por meio de provas com imagens e fatos, que Paulo Ricardo não teve a intenção de atropelar Tatiana.

As novas imagens revelam que, ao avançar com o carro, Paulo Ricardo mirou em direção à calçada na intenção de deixar o local, que estava sendo obstruído por Tatiana e o marido dele. "No entanto, após notar que Ricardo avançava para sair, Tatiana tenta impedir e se atira em frente ao carro", diz um trecho da nota.

A assessoria acredita que, em algumas situações durante o conflito, caso Paulo Ricardo realmente tivesse a intenção de atropelar Tatiana, teria feito, especialmente quando ela e o marido insistem em frente ao carro.

"Várias vezes Ricardo recua o veículo e acena para que o deixem passar. Também é possível notar que Tatiana não foi coagida e optou por não entrar em casa cujo portão já estava aberto, e sim travar a rua (sem saída) com seu carro, mantendo ali, onde ainda estava seu filho", traz o texto.

Por não ter tido autorização da Justiça para conceder entrevistas, Paulo Ricardo expôs em uma carta que lamenta profundamente que a situação tenha acontecido com um desfecho de tanto sofrimento para ambas as famílias. Na mensagem, ele se solidariza com Tatiana, que precisou superar ferimentos graves para voltar ao convívio de sua família, e busca também romper o ciclo de sofrimento pelo qual passa a família dela.

"Sem histórico de violência"

Na nota, a assessoria de imprensa de Paulo Ricardo assegura que ele não possui nenhum histórico de violência, e que, antes do acidente, sempre teve uma vida tranquila ao lado de sua esposa, com quem é casado há 22 anos, e tem uma filha especial, de 6 anos.

Antes do acidente, era ele quem cuidava da criança no contra-turno da escola. "Os familiares dele também não se conformam com a imagem que foi criada em relação a ele", declara a assessoria.

Após quase dois anos privado da liberdade, a defesa espera a Justiça seja proporcional ao ato praticado por Ricardo, salientando que não houve dolo por parte dele. "Não houve intenção de ferir ou
matar Tatiana. Após o acidente, Ricardo não fugiu de sua responsabilidade e se direcionou para a delegacia logo em sequência, não se ocultou", finaliza a nota.

O Correio entrou em contato com o advogado de Tatiana para se posicionar sobre a alegação da defesa de Paulo Ricardo, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

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