O mistério envolvendo o assassinato do policial militar aposentado Jacob Vieira da Silva, 62 anos, gira em torno da chácara onde o corpo dele foi encontrado, no Parque Estrela Dalva 3, na Cidade Ocidental (GO), no Entorno do DF. A propriedade de quase 20 mil metros quadrados pertence a Bruno Oliveira Ramos, ex-candidato a vereador da cidade e filho da ex-mulher de Jacob. A investigação corre sob sigilo e é avaliada pelos policiais como um caso "complexo".
A equipe do Correio retornou ao local na tarde de ontem, quatro dias depois do cadáver do policial ser encontrado dentro de um poço artesiano envolto em fita adesiva e preso a uma pedra de concreto. A localização do corpo foi possível após os policiais civis da 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) receberem uma denúncia anônima.
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A chácara está em construção. No interior do terreno há duas casas, espaço para churrasqueira, galinheiro e até uma baia que abriga três cavalos. Ainda há amontoados de brita e areia. No quintal, bandeirinhas de São João foram penduradas em duas estruturas de madeira. O Correio apurou que, entre 8 e 9 de julho, Bruno organizou uma festa julina para pessoas próximas. O evento teria durado até a manhã de domingo e sido planejado há mais de um mês, segundo relataram fontes à reportagem.
Não era raro a promoção de eventos na chácara. Devido ao imenso tamanho do terreno, Bruno e os amigos costumavam se reunir com frequência para festejar, com direito a som alto e bebida alcóolica. Mas o barulho das algazarras deu lugar a um silêncio atormentador. De 10 de julho para cá — dia em que Jacob desapareceu (leia o caso) — indícios apontam que só entrou naquele imóvel o responsável ou responsáveis por matar e jogar o corpo de Jacob no poço. A polícia investiga a participação de mais de uma pessoa no crime, e até o fechamento desta edição ninguém havia sido preso.
Mistério
Jacob desapareceu às 14h de 10 de julho, quando saiu de casa, em Santa Maria, e entrou em um Ford Ka branco. O motorista foi buscar o PM na porta da residência e usou um carro com a placa clonada. Antes de sair, Jacob recebeu uma ligação misteriosa e disse: "Já estou saindo". Entrou no veículo e nunca mais foi visto.
Oito dias depois, na terça-feira, os policiais militares, civis e bombeiros encontraram o corpo na cisterna. O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que a vítima sofreu perfuração e foi estrangulada.
Ao Correio, um vizinho, que preferiu não se identificar, contou que não viu e nem ouviu nada suspeito, barulho ou qualquer agitação nos últimos dias. "Não desconfiei de absolutamente nada. Como não mora ninguém aí e eles (proprietário e família) só vêm para dar comida aos animais ou mexer com algo de construção, não suspeitei. Mas notei que pararam de vir recentemente", afirmou.
Bruno, proprietário da chácara, mora com a esposa e os dois filhos no Setor de Mansões Suleste, a cerca de 4km de distância. Ele está sumido desde o dia do desaparecimento de Jacob. A polícia não informou se ele é investigado. A reportagem esteve na casa de Bruno, mas ninguém atendeu. Moradores contaram que ele e a família não aparecem na residência desde o começo da semana passada.
Bens
A família de Jacob divulgou uma nota desmentindo especulações acerca do patrimônio e da atividade do PM (agiota). Segundo os familiares, o servidor ganhava dinheiro pelas "posses advindas de seus negócios". Jacob era um dos sócios da Cooperativa de Transportes de Cidade Ocidental (Cooptrocid-GO) e tinha prédios e casas, incluindo imóveis fora do DF. "Não fizemos ainda nenhum levantamento quanto ao patrimônio deixado, mesmo porque não é o momento. Mas vale pontuar que muito do que está sendo dito em relação ao patrimônio é especulação. Ainda estamos de luto e esperançosos de que os criminosos envolvidos serão presos e responsabilizados", pontuou os familiares.