A assessora técnica da ONU Mulheres na área de enfrentamento à violência contra mulheres, Wânia Pasinato, no segundo painel do seminário Combate ao feminicídio: uma responsabilidade de todos, do Correio, detalhou que punir o agressor faz parte da prevenção da violência contra as mulheres, porque acaba se tornando uma forma de educar.
“Punir também faz parte da prevenção. Porque, em certa medida, é uma forma de se educar, porque se coloca ali a importância de que, se cometeu crime, será alcançado pelo Estado e será punido. Por outro lado, punir também é uma forma de reparação, e essas medidas são pouquíssimas discutidas no país quando tratamos em violência contra as mulheres”, disse.
De acordo com a especialista, a restituição é importante para esclarecer a verdade sobre determinado caso, retirando a vítima de um local de vítima. “Por isso, sentenças judiciais são peças informativas e didáticas importantes, para utilizarmos em pesquisas e debates”, completou Wânia. “Se a gente não conseguir resgatar o ensino sobre gênero, desigualdade de raça, questão étnica do país, pouco vamos avançar nessa transformação social que tanto almejamos, sobre a qual a falamos”, completou.
Ao fim, Wânia apontou que, com a tipificação de novas formas de violência, é necessário que a rede se expanda. Ela citou o exemplo do crime de importunação sexual, onde há a ausência de um serviço qualificado para auxiliar vítimas desse tipo de delito.
“Consequentemente, a única mensagem que lidamos com as mulheres é denunciar o crime. Como disse pela minha colega, essa não é a melhor mensagem que devemos dar a elas. Nós devemos criar canais que elas possam ir para serem acolhidas, escutadas, orientação e informação que seja suficiente para que elas possam tomar a decisão de denunciar ou não, quando se sentirem seguras. É importante repensarmos o nosso paradigma ao que é uma rede", disse.