Inaugurada em 1978, no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, a Piscina de Ondas de Brasília foi a primeira do tipo em toda a América Latina, chamou a atenção para a cidade e marcou época para toda uma geração de brasilienses e moradores da capital. Mas o espaço, que foi um dos mais concorridos entre os anos 1980 e 1990 e que chegou a receber uma média de 10 mil visitantes nos finais de semana, no auge do seu funcionamento, permanece fechado desde 1997.
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No ano passado, o Governo do Distrito Federal (GDF) publicou edital para a contratação da empresa responsável pela execução da obra de reforma e restauração do complexo aquático da Piscina de Ondas, localizado no estacionamento 7 do parque. No entanto, em maio do mesmo ano, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) determinou a suspensão temporária da concorrência pela Secretaria de Esporte e Lazer do DF (SEL), para que fossem adotadas medidas preliminares quanto ao processo licitatório.
Entre essas determinações, a SEL, juntamente com a Secretaria de Projetos Especiais (Sepe), deveria fazer avaliação da participação da iniciativa privada no projeto e apresentar no processo administrativo de contratação pelo menos três referências para todos os serviços e insumos para a obra, inclusive pesquisas de mercado como parâmetro de preços. A SEL enviou nova documentação para o TCDF, mas a Corte manteve a suspensão de todo o processo, em decisão proferida em setembro de 2022.
Este ano, o Tribunal afirmou que nem todas as determinações foram cumpridas e sugeriu a reiteração de itens da diligência referentes a elementos que afetam a competitividade do certame e o valor da obra. No item relacionado à competitividade, por exemplo, foi considerada "desarrazoada" a exigência de que os funcionários responsáveis pela execução das ligações elétricas tenham certificação provida por meio de curso de pelo menos 40 horas — o que, segundo os conselheiros, não tem amparo legal e deve ser excluída do edital. A decisão de 28 de junho também determina que o GDF inclua, no projeto, pelo menos três referências de preços para todos os serviços e insumos que tiveram como parâmetro pesquisas feitas diretamente com fornecedores.
Lembranças
Antes da pandemia, o espaço onde funcionou a piscina chegou a receber diversos eventos culturais, mas logo teve que fechar por conta da crise sanitária. Quem viveu o período em que o local funcionava guarda com carinho as lembranças da atração. É o caso do aposentado Adilson Guerra, 82, que chegou a ir algumas vezes lá, na década de 80. "Havia muita procura, principalmente porque aqui não tem praia", recorda. "Se a piscina voltar, será mais uma distração e entretenimento para a cidade", revela Adilson.
Luiz Pereira, 63, dono do quiosque de água de coco que fica em frente ao lugar onde funcionava a piscina, conta que, antes da atual ocupação, ele era funcionário da Puro Water, empresa responsável por gerir o espaço na época do funcionamento. "Os finais de semana eram bastante movimentados. Havia poucas áreas de lazer na cidade e a piscina era a principal atração naquele tempo", rememora.
Pereira conta que começou a trabalhar no espaço em 1979, e a quantidade de visitantes era grande até meados dos anos 1990. "A movimentação se intensificava entre os meses de julho e outubro. Mesmo com a chegada das chuvas, as pessoas não deixavam de frequentar. Janeiro, que era mês de férias, também bombava", afirma. Segundo ele, "o retorno do espaço melhoraria o parque como um todo, que precisa de mais atrações".
Responsável pelo maquinário e tratamento da água, Pereira recorda, ainda, que houve problemas administrativos na empresa que gerenciava a piscina, o que culminou com o fechamento da área e a falência da companhia. Outro que conheceu o local e lamenta seu fechamento é o professor Leandro Barcelos, 44 anos. "Não cheguei a entrar na piscina, mas a conhecia. Lembro que muita gente das cidades satélites a frequentava com regularidade. O parque está muito subutilizado. Será muito se o projeto for retomado", frisa.
Secretaria
Procurada pelo Correio para falar sobre o andamento da licitação da obra de reforma e revitalização da Piscina de Ondas de Brasília, a Secretaria de Esporte e Lazer informou que recebeu encaminhamentos do TCDFT em 10 de julho e que o grupo de trabalho, instituído juntamente com técnicos da Secretaria de Projetos Especiais, está fazendo as análises solicitadas pela Corte de Contas.