Acidentes

Uso equipamentos de segurança são fundamentais para a prática de skate

As quedas são comuns na prática do skate. Por isso, os adeptos do esporte devem estar atentos ao uso de capacetes e outros equipamentos para evitar impactos que podem causar lesões graves

Um dos esportes mais praticados no país, especialmente em parques e pistas próprias, o skate tem se popularizado cada vez mais entre crianças, jovens e também adultos. De aprendizagem fácil — no nível básico —, desde o início, as quedas e arranhões são a marca da modalidade, que tem status olímpico. Por esses e outros motivos, o uso de equipamentos de segurança são fundamentais para que perigos mais graves sejam evitados. 

Na semana passada, a jornalista Camila Holanda, 29 anos, morreu, depois de passar uma semana internada no Hospital de Base, em decorrência de uma queda quando fazia manobras de skate no Parque da Cidade. Segundo relatos de parentes, as rodinhas travaram ao bater num bolsão de areia e ela caiu, batendo a cabeça sem capacete.

Para Adolfo Ferreira, presidente da Federação de Skate do DF (FSKTDF), o esporte em si é uma prática perigosa, por exigir equilíbrio preciso e reflexos rápidos em altas velocidades, nos percursos que contêm ladeiras, escadarias e outros obstáculos urbanos. Mesmo para o presidente da FSKTDF, que conta com mais de 20 anos de experiência como skatista profissional, as lesões são inevitáveis. "Eu mesmo já quebrei os dois braços, um em competição e outro em treinos, e tenho bastante experiência, mas acidentes acontecem", adverte.

Adolfo percebe que a maioria dos atletas não adere ao uso de equipamento de segurança, mesmo estando ciente dos riscos. "Estamos sempre orientando e pedindo para que todos usem equipamentos de proteção, principalmente o capacete", afirma.

Apesar de perceber que o equipamento pode incomodar, Isac Paes, de 15 anos, reconhece a importância da proteção. Dois meses após começar a andar de skate, o adolescente que iniciou no esporte aos 7 anos se machucou em um tombo. "Depois que eu parei de usar, mandei uma manobra no chão e quebrei o braço", relata o estudante. Depois do acidente, o garoto só voltou a andar de skate no ano passado.

Tanto Isac quanto seu colega de prática esportiva, Matheus Rodrigues, 15, recomendam um alongamento antes de subir no skate, além de iniciar o percurso somente depois de um aquecimento feito com acrobacias de execução mais fácil. "Também é importante tentar sempre pensar no que você está fazendo. Às vezes você vai mandar uma manobra, vai afobado e acaba se machucando", orienta.

 

Carlos Vieira/CB/DA Press -
Crédito: Carlos Vieira/CB/DA Press -
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Dicas para evitar quedas

Para Bruno Lucca Siqueira, 26 anos, que há 6 anos oferece aulas a interessados por skate, a segurança dos iniciantes no esporte depende da progressão calculada para dominar manobras e acrobacias. Além de aprender técnicas para diminuir a chance de queda, é preciso saber os truques para evitar lesões mais graves em eventuais acidentes, como posicionar as mãos em frente ao corpo, antes de colidir contra o solo.

Nas aulas, Bruno exige o uso de capacete e recomenda outros equipamentos de segurança, como joelheiras e cotoveleiras. Mesmo que considere os casos de morte devido a acidentes com skate incomuns, o instrutor defende que não se pode correr riscos. Ele ainda ressalta a necessidade de dispor sinalização pela cidade para indicar locais íngremes ou ladeiras que geram maior velocidade "para pessoas menos experientes verem aquilo e pensarem em diminuir um pouco ou mesmo parar um pouquinho", explica.

Preocupado com a reputação do esporte, Bruno também orienta que o skate atualmente não está entre os esportes mais letais e lesivos, ficando atrás de modalidades como futebol, basquete e outras modalidades com bola. "Eu acho interessante poder informar isso às outras pessoas, para não gerar uma informação que possa demonizar o skate", reflete.

Nilse de Fátima, 55, é mãe de um dos alunos de Bruno e concorda com o instrutor. A professora aposentada relata que seu filho Matheus Humberto, 18, nunca sofreu lesão nas aulas de skate "Ele (Matheus) faz atletismo também e, nesse esporte, machucou feio. Caiu, escorregou e ralou a perna todinha", lembra a mãe que acompanha as aulas do jovem com Síndrome de Down.

"A gente não deixa de ficar com uma preocupação a mais, né? Mas aqui nas aulas ele sempre usa o equipamento de segurança" diz Nilse. A mãe explica que as lições de skate que o filho recebe ainda não chegam a ser tão radicais.

Atualmente, a capital conta com escolas particulares no Metrópoles Shopping, localizado na Avenida das Araucárias, em Águas Claras, e na Associação de Skatistas LongBrothers, com sede na Entrequadra 115/215 Norte, segundo o presidente da Federação de Skate do DF.

 

Carlos Vieira/CB/DA Press -
Carlos Vieira/CB/DA Press -
Crédito: Carlos Vieira/CB/DA Press -

 

Riscos

O neurocirurgião e especialista em patologias vasculares graduado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Victor Hugo, explica que no caso de um traumatismo craniano é possível ocorrer diversos sangramentos, seja entre as membranas que recobrem o cérebro, ou mesmo entre o osso e a última membrana. “Casos mais graves são acompanhados de um intenso edema cerebral com consequente hipertensão intracraniana. É o que normalmente leva o paciente a óbito ou a sequelas neurológicas muito graves”, detalha.

Quanto a recuperação, o especialista em neurocirurgia e neurorradiologia explica que pacientes em estado de gravidade maior geralmente são entubados e sedados para diminuir a atividade metabólica do cérebro, assim, evitando danos consequentes desse edema cerebral. Conforme o tipo de sangramento, podem ser necessárias cirurgias de drenagem ou para tentar controlar esse edema. Victor expõe que os cuidados passam por um monitoramento global da saúde do paciente. “Normalmente são quadros muito graves, potencialmente letais ou com risco de sequelas muito graves”, conclui.

 

 *Estagiário sob supervisão de Suzano Almeida

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