Os incêndios florestais no Distrito Federal se intensificam no período de seca — que ocorre entre maio e setembro —, em que as altas temperaturas e a diminuição da umidade do ar contribuem para a propagação rápida do fogo, dificultando o trabalho de combate aos incêndios. Segundo dados do Grupamento de Proteção Ambiental (Gpram) do Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF), de maio até o início de julho deste ano, foram registradas 1.318 ocorrências de incêndios e 2.080,27 hectares de área foram queimados. Número menor se comparado ao mesmo período de 2022, quando foram apontadas 4.221 ocorrências de incêndios, com 11.838 hectares de área queimada.
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Segundo a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema), ações preventivas estão sendo realizadas desde março, como blitz educativa, queimadas controladas e capacitação de proprietários rurais. Para a coordenadora do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do DF (PPCIF), Carolina Schubart, 95% dos incêndios florestais são causados pela ação humana. "Os principais motivos são a queima de lixos e podas de árvores, além das ações criminosas", destaca. A especialista alega que os prejuízos desses acidentes são incalculáveis. "Fauna e flora têm grandes perdas, o desequilíbrio acontece de todas as formas, nascentes começam a secar, o ar fica irrespirável. É terrível", explica.
O ambientalista Edmi Moreira atribui a queda nos números ao trabalho do CBMDF de prevenção dos incêndios florestais. "Há dois tipos de incêndios, o natural e o indireto. Os naturais acontecem por consequência das altas temperaturas e o indireto é realizado pela ação humana. Também há as queimadas criminosas, feitas com o propósito de destruir a flora", explica.
Para o ambientalista, as queimadas preventivas são uma forma eficiente de evitar grandes desastres. "O objetivo é tirar a combustão, no caso de muita matéria orgânica que pode se tornar incontrolável, dependendo da quantidade de matéria seca no solo, da temperatura e do fator vento", frisa. Edmi alega que a população realiza ações que prejudicam o meio ambiente sem pensar nas consequências. "Essas atitudes são crimes ambientais e muitas vezes se perde o controle, as pessoas não têm conhecimento técnico de manejo, prevenção do fogo e ocasionam esses grandes incêndios", avalia.
Desde o ínício da seca, o Gpram está instruindo as comunidades rurais do DF e do Entorno sobre a importância da prevenção de incêndios florestais, além de realizar oficinas de fabricação e utilização de abafadores. Em nota, o grupo disse que apoia as campanhas de prevenção realizadas pelo PPCIF, as blitzes ambientais e demais atividades com o objetivo de conscientizar a população do DF sobre a importância da prevenção aos incêndios florestais.
Painel do Fogo
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) tem utilizado uma plataforma para auxiliar no trabalho de prevenção e combate aos incêndios florestais: o Painel do Fogo. A ferramenta, desenvolvida pelo Ministério da Defesa, por meio do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), disponibiliza gratuitamente dados, permitindo maior precisão para detectar e combater as queimadas.
"(A plataforma) é usada nas ações de monitoramento dos incêndios em tempo real, detecção de focos de incêndio para atuação rápida das equipes minimizando a magnitude dos danos e prevenindo a ocorrência de eventos maiores, além do apoio à tomada de decisões", explica a corporação.
A plataforma foi criada em 2021 e atualmente é utilizada por todas as unidades da federação, e, em 2023, passou a gerar dados para o combate a incêndio nos países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) — entidade formada pelos oito países amazônicos (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela).
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado