A Universidade de Brasília (UnB) mantém protagonismo na implementação e manutenção das cotas raciais. Essa foi a avaliação da reitora da UnB, Márcia Abrahão, ao CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — desta segunda-feira (10/7). À jornalista Ana Maria Campos, ela falou sobre importantes temas relacionados à igualdade racial e ao bem-estar dos estudantes e funcionários da instituição. Durante a conversa, a pesquisadora também deu detalhes sobre a construção e inauguração de uma creche no campus.
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Márcia relembrou o histórico de luta para a implementação do sistema de cotas na instituição, o qual completou 20 anos de existência em junho. Para a representante da universidade, o resultado deste processo é positivo, sendo o apuramento de um processo fundamental para ampliar o acesso de estudantes negros, pardos e indígenas ao ensino superior.
"O balanço é muito positivo. A história foi muito difícil até chegarmos aqui. Nossas cotas foram questionadas na Justiça. Em 2012, o Governo Federal sancionou a Lei das Cotas, e a UnB manteve as cotas raciais. Então, hoje, nós cumprimos a lei das cotas, mas mantemos protagonismo, ao manter 5% de cotas exclusivamente raciais", afirmou a reitora.
A representante da UnB reforça esse posicionamento também baseado no desempenho apresentado pelos alunos cotistas, os quais, em grande parte dos casos, ficam acima da média, segundo Abrahão. “Às vezes, o estudante não tem uma nota muito alta no ingresso, mas recupera isso ao longo do curso, muitas vezes, com nota acima dos demais”, relatou. Ela também explicou que a persistência desses discentes para concluir o ensino superior é tanta, que isso se reflete num índice não tão alto de evasão.
No entanto, Márcia Abrahão destacou a extensão do sistema de cotas para os professores que ingressam no magistério superior. A professora explicou que um novo modelo de aplicação desse modelo é estudado para o ensino superior, pois, devido à escassez de vagas, nem sempre é possível reservar um percentual a candidatos cotistas. “Não é uma discussão fácil. Nós apenas a iniciamos na UnB”, comentou.
Creche na Universidade
A reitora também destacou a importância de benefícios voltados para o público feminino da instituição. Segundo Abrahão, hoje, a UnB tem maioria de mulheres como estudantes e funcionários. Nesse sentido uma das principais iniciativas é a construção de uma creche, com uso de emenda parlamentar indicada pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania - DF).
“Vai ser uma creche pública do Distrito Federal, em parceria com a UnB. Vai ser uma creche-escola, como é o nosso hospital universitário, com critérios de ingresso de acordo com os critérios do Distrito Federal, de renda, distância de onde trabalha, etc. É uma grande reivindicação das técnicas da universidade, para termos mais políticas para as mães. Somos uma instituição pública federal e temos que cumprir a legislação, mas estamos estudando como podemos dar mais condições para as mães poderem trabalhar”, explicou.
De acordo com a reitora, serão cerca de 90 vagas, para horário integral. Além disso, a iniciativa será aberta para estágio de estudantes de áreas relacionadas ao ensino e aos cuidados com os pequenos. O local será administrado pela Secretaria de Educação. “Até o final do ano, esperamos inaugurar essa creche, que está ficando belíssima”, garantiu.