Um menino de 12 anos ainda se recupera de acidente ocorrido no dia 2 de junho no brinquedo viking do Nicolândia Parque Urbano, localizado no Parque da Cidade. Na ocasião, o Mateus Toscano prendeu o pé entre o barco e a plataforma de acesso à área. De acordo com a mãe, Roberta Toscano, ele teve fratura exposta, rompimento do tendão e precisou passar por uma cirurgia. A sutura teve mais de 20 pontos.
A mãe explica que a atração viking faz um movimento pendular, de sobe e desce. "Ele estava sentado no canto do brinquedo. Quando o barco começou a se movimentar, devido à velocidade, o corpo dele se soltou do assento onde estava e o pé se prendeu em um vão entre a plataforma de acesso ao brinquedo e o barco. Foi quando puxou o pé do buraco e percebeu que havia rasgado o tênis e se machucado", contou.
O garoto estava com cinto e barra de segurança, inclusive, colocados pelo instrutor do brinquedo, segundo Roberta. "Diante da quantidade de sangue todos começaram a gritar, o brinquedo foi parado, e o brigadista do parque colocou gaze no machucado", relata. A família chamou um carro de aplicativo e correu para o um hospital particular da Asa Sul.
O brinquedo voltou a funcionar cerca de 30 minutos depois do ocorrido, de acordo com a mãe do garoto. A família relata que mesmo depois de um mês do acidente, o menino segue sem pisar no chão, nem ir à escola. Ele tem ido ao hospital toda semana para trocar o curativo. "Ainda bem que temos plano de saúde, porque não recebemos assistência por parte do parque. Acredito que se ele não tivesse com tênis de couro forte, teria perdido o pé", diz a mãe.
Para Roberta, o que mais assusta é o fato de o parque não dispor de uma estrutura de atendimento médico para crianças. Por conta disso, a mãe abriu uma ocorrência na 9ª delegacia de polícia do Lago Norte.
A reportagem tenta um posicionamento do Nicolândia, por meio da assessoria de imprensa, desde sexta-feira. Por telefone, a assessora informou que o parque não se pronunciaria sobre o caso.
Fiscalização
A Secretaria de Esportes é responsável pela gestão do Parque da Cidade, onde o Nicolândia funciona. O Correio procurou a pasta para saber se o parque está com todas as licenças em dia e se seria feita uma fiscalização para apurar eventual falha no brinquedo onde a criança se machucou.
A secretária de Esporte e Lazer afirmou, em nota, que o Nicolândia tem uma licença de funcionamento por prazo indeterminado. Anualmente os órgãos competentes que fiscalizam atividades de risco. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil fazem a vistoria. Durante a fiscalização os órgãos pedem os laudos da parte mecânica e elétrica para elaboração de parecer. Semestralmente o parque atualiza os laudos. O procedimento de solicitação de fiscalização é feito pelo Nicolândia quando eles pedem a renovação da licença de funcionamento.
A reportagem também quis saber se a Defesa Civil foi acionada para fiscalizar o local depois da gravidade do acidente com a criança. Por e-mail, o órgão informou que "até o momento não foi acionada para o fato mencionado". Nossa equipe, então, foi atrás do Corpo de Bombeiros para entender se a corporação tem alguma responsabilidade pela fiscalização do parque. Por mensagem, eles informaram que o Nicolândia é fiscalizado pela Diretoria de Vistorias - DIVIS, que tem o Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) como parte da equipe.
As vistorias podem ser inesperadas por parte do CBMDF (seja por denúncias ou outras situações). Questionados se fiscalizariam o local após o acidente, informaram que fazem a vistoria se acionados "pela ouvidoria do GDF, órgãos de imprensa e autoridades competentes."
De acordo com a corporação, no ato da vistoria "para fins de licença de funcionamento" e demais ações de fiscalização, o CBMDF exige a apresentação de documento de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de montagem e desmontagem de todas estruturas (brinquedos, tendas, palcos e coberturas), emitida por um engenheiro mecânico. Também é necessário um laudo de distribuição elétrica.
Outros casos
Em 2018, a Defesa Civil do Distrito Federal notificou os responsáveis pelo parque de diversões Nicolândia após 10 pessoas ficarem presas de cabeça pra baixo no brinquedo Mixer, no Dia das Crianças. Segundo a Subsecretaria de Defesa Civil, na época, uma notificação foi feita porque os responsáveis não seguiram o plano de emergência, que envolve chamar as forças de segurança no momento do acidente.
O pânico durou cerca de cinco minutos, tempo que funcionários do parque levaram para retirar todos os clientes que ficaram suspensos depois de o brinquedo travar. O problema deixou os usuários, presos a uma altura de cerca de 4 metros.