VIAGEM

Por 600 gramas, cadela de suporte emocional é impedida de viajar com tutora

Companhia aérea mudou a regra e só permite que peso do pet e da caixa (ou bolsa) totalize 7kg. No caso da cachorrinha Miucha Mei, o total é de 7,6kg e ela não pode viajar no compartimento de carga porque tem problemas respiratórios

Anne Sousa, 60 anos, planejou uma viagem com sua cachorra de suporte emocional. Entretanto, tem encontrado dificuldades para conseguir levar a cachorrinha Miucha Mei junto a ela, na área de passageiros. De acordo com ela, as regras da companhia aérea foram alteradas e o peso da cadelinha, que antes era permitido, agora passa dos limites. Anne corre contra tempo e procurou o Correio. Ela entrou nesta quinta-feira (7/7) com um um pedido de liminar, em caráter de urgência, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Porém, de acordo com o advogado Paulo Lago, o juiz de plantão da causa não concedeu a urgência. Agora, Anna teme que não consiga realizar a viagem.

Anna sofre de transtorno depressivo recorrente e ansiedade generalizada. Devido ao quadro emocional, ela necessita de terapia integrativa com cão de assistência, que lhe traz maior tranquilidade para desempenhar suas atividades rotineiras, reduzindo os quadros de ansiedade e de depressão.

A viagem para Santarém (PA), para comemorar o aniversário de 87 anos de sua mãe, está agendada para segunda-feira, 10 de julho. Para que esta viagem ocorra, Anne precisa da companhia de Miucha na cabine. A cadela já realizou outras duas viagens com ela, inclusive, na mesma companhia aérea. 

A Companhia Aérea Latam alterou os termos de viagem de animais domésticos. Atualmente, para que o animal possa acompanhar o tutor na área de passageiros é necessário que este esteja dentro de sua bolsa ou caixa de transporte durante todo o voo e tenha o peso total (pet + caixa ou bolsa) de até 7kg. E o peso da cachorra de suporte emocional ultrapassa esse limite. 

Miucha pesa 6,8kg e a bolsa de transporte recomendada pela companhia 800g, o que dá o total de 7,6kg. A cachorrinha Miucha sofre de síndrome respiratória braquicefálica e, por isso, tem impedimento clínico de ser transportada no porão de carga da aeronave, devido ao risco de morte.

Procurado pela reportagem, a Latam afirmou em nota que "a companhia reforça que as regras para embarque de pets na cabine, inclusive o peso limite de 7kg para o animal e seu kennel (caixa de transportes), estão disponíveis no site". 

O advogado Paulo Lago argumenta na Justiça que sua cliente é uma pessoa em condição especial. "Esperamos o deferimento da medida liminar, utilizando a argumentação de que a Sra. Anne pode vir a ter seu direito reconhecido por analogia à Lei que dispõe sobre o cão guia, levando em consideração que cães de suporte emocional são essenciais, em especial no apoio emocional, garantindo ao seu tutor, por meio do afeto, maior controle dos episódios ansiosos e depressivos que possam ocorrer", disse, no pedido de liminar.

Paulo Lago "espera que a Justiça brasileira que tanto tem evoluído nos últimos anos, siga nessa crescente, acompanhando a trajetória de vários outros países que entendem com maior empatia a importância dos seres sencientes (animais) na vida e na família de muitos brasileiros".

Até o fechamento dessa reportagem, o advogado tentava fazer com que a liminar seja julgada com urgência.

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Acervo pessoal - Miucha Mei, 13 anos, da raça Shitzu
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Acervo pessoal - Anne Sousa, 60 anos, bancária, Águas Claras com a cadela Miucha Mei, 13 anos, da raça Shitzu