Distrito Federal

Condenado por planejar bomba no aeroporto deixa cela 'especial' da Papuda

George Washington estava no local desde que entrou no presídio. Agora, ele dividirá espaço com bolsonaristas presos nos atos golpistas de 8 de janeiro

O empresário George Washington de Oliveira, de 55 anos, preso por planejar explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, em dezembro de 2022, é o mais novo integrante da cela comum do Complexo Penitenciário da Papuda. George estava preso desde dezembro em uma cela "especial", por motivos de segurança, desde que ingressou no sistema penitenciário.

O condenado estava detido em um bloco de segurança máxima dentro da Penitenciária do Distrito Federal I (PDF-I), sem a possibilidade de visitas e com direito a uma hora de banho de sol por dia. Agora, George está em um outro bloco dentro do PDFI, dividindo cela com outros detentos presos nos atos golpistas de 8 de janeiro. A transferência ocorreu na noite de domingo (2/7).

O empresário foi preso pelos investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) em 25 de dezembro. O caso passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), que chegou ao encalço, além dele, também de Alan Diego dos Santos — condenado por levar a bomba até o caminhão-tanque, ao lado de Wellington Macedo (este último, foragido desde dezembro).

Após ter sido denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), George foi condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial fechado, além de 280 dias-multa. Alan recebeu uma pena de 5 anos e 4 meses e 160 dias-multa. "Os acusados se defenderam presos. Não há fato novo que justifique a revogação do decreto prisional. As circunstâncias dos fatos indicam periculosidade concreta, presente, ainda, a necessidade de preservar a ordem pública, mantenho a prisão preventiva de ambos os acusados", enfatizou o juiz, na sentença.

CPI do DF

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), George utilizou da mesma estratégia em depoimento na CPMI do 8 de janeiro, na semana anterior. Na oportunidade, ele respondeu a pouquíssimas perguntas, mantendo sempre o silêncio.

Em raros momentos, George se manifestou. Ele afirmou ter vindo a Brasília em 12 de novembro para procurar um armeiro para resolver questões de um fuzil. Já na capital federal, alugou imóveis e explicou que frequentou o acampamento que estava montado em frente ao Quartel Geral do Expercito. A intenção do empresário, conforme afirmou, era passar o ano novo em Goiânia, mas acabou preso, em 25 de dezembro, em um apartamento no Sudoeste.

"Eu levei o fuzil, mas não me recordo a loja (...). A minha visão hoje é a seguinte: quando um político sobe e é eleito, no meu ponto de vista, é permissão de Deus. Se houve aquela situação toda no QG, (nós) agimos ou reagimos de forma errada", ressaltou.

Os distritais disseram que, antes dele, Alan disse que George era o "cabeça" do crime. O empresário riu timidamente e confrontou em poucas palavras a versão do colega de crime, dizendo que não conversou e se encontrou poucas vezes com o eletricista, mas preferiu não dizer como foi a trama de tentar explodir o aeroporto.

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