Na véspera do Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, a hepatologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, Natália Trevizoli, alerta para cuidados contra os tipos de hepatite, principalmente B e C, que possuem tratamento e vacinação disponíveis para se evitar possíveis infecções.
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Os casos de hepatite A subiram de 1.003 para 1.567, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que fazem referência ao Julho Amarelo, o Mês de Prevenção às Hepatites Virais. Houve alta de 56% nos casos de hepatite tipo A no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2022. Para a médica, isso pode refletir as condições precárias de saneamento e de higiene. A profissional de saúde destaca que, nos últimos anos, tem diminuído a incidência por conta da vacina.
“O paciente entra em contato com o vírus, que pode persistir no organismo. Ao longo do tempo, essa inflamação crônica, que tanto no vírus da hepatite B e da hepatite C podem gerar, pode levar a consequências graves, como a instalação de cirrose e câncer de fígado”, analisa.
Trevizoli comenta que, segundo a OMS, as hepatites B e C são responsáveis por mais da metade dos casos de câncer de fígado no mundo. Em casos dessas doenças, o contágio ocorre por sangue e secreções contaminadas, o que exige um controle rígido do manuseio de objetos cirúrgicos, odontológicos e aqueles usados no dia a dia.
“Não compartilhe objetos perfurocortantes, como lâminas de barbear e alicates de unha. É ideal que cada pessoa tenha os seus objetos de uso pessoal”, aconselha a hepatologista.
Natália cita que os dois tipos de hepatite podem ser transmitidos por via sexual, o que se recomenda práticas sexuais seguras. "A hepatite C não tem vacina, mas a hepatite B tem vacina, e está contemplada no calendário de imunização para todas as crianças ao nascimento desde 1998", afirma.
Mais de 500 mil pessoas desconhecem a hepatite C
A patologista cita o dado preocupante do Ministério da Saúde de que mais de 500 mil pessoas no país têm hepatite C e que desconhecem a doença. "Isso gera impacto, pois o vírus evolui de forma silenciosa ao longo de anos e décadas. E a pessoa pode apresentar sintomas só quando já estiver com formas graves da doença, como cirrose descompensada", assegura Natália.
Natália conta que o tipo A é de transmissão fecal e oral, em que a transmissão acontece por água ou por alimentos contaminados. Por isso, a doença está associada a regiões com piores condições de saneamento básico. “Geralmente, é uma doença aguda e autolimitada, ou seja, na maior parte dos casos, se resolve sozinha sem necessidade de nenhum tratamento específico”, salienta.
A médica assegura que em menos de 1% dos casos o paciente pode ter uma falência aguda grave do fígado e precisar de transplante (do órgão). Nos casos da hepatite tipo C, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 1% da população mundial possa estar infectada com a doença. “A testagem é simples e envolve um exame de sangue”, garante a médica.
Assista a seguir a entrevista completa.