Apesar de comum, a redução nos níveis da umidade relativa do ar começaram a causar desconfortos aos brasilienses. A estiagem, característica dos meses de julho a setembro no DF, trouxe não apenas problemas respiratórios, mas também, prejuízos a saúde do olho. Nessa época do ano, oftalmologistas percebem um aumento de cerca de 25% de casos da Síndrome do Olho Seco.
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O oftalmologista Eduardo José Rocha, especialista no tema do Hospital Oftalmológico de Brasília, falou ao Correio detalhes sobre a condição e pontos que podem ajudar a identificar o problema e evitar complicações.
O que é a Síndrome do Olho Seco?
As glândulas meibomianas são responsáveis por produzir a camada lipídica e desempenham um papel crucial ao reduzir a evaporação das lágrimas. Quando fica disfuncional, essa camada torna-se mais fina, o que provoca instabilidade do filme lacrimal e maior evaporação da lágrima.
Quais são os sintomas mais comuns e como eles podem ser diferenciados de outras condições oculares?
A sensação de ardência, coceira, vermelhidão, sensibilidade à luz e visão embaçada. Só um exame realizado por um oftalmologista consegue distinguir se os sintomas são em decorrência da Síndrome do Olho Seco ou de outras condições oculares, como alergias oculares, conjuntivite ou problemas refrativos. A orientação é nunca se automedicar e procurar sempre um especialista para diagnosticar corretamente o problema.
Quais grupos de pessoas são mais propensos a desenvolver a síndrome do olho seco?
Estão mais propensos a desenvolver a patologia os idosos, mulheres (especialmente após a menopausa), pessoas que usam eletrônicos por longos períodos e ainda aquelas com certas condições médicas, como diabetes e problemas hormonais.
Quais são os efeitos a longo prazo da síndrome do olho seco?
Se não tratada adequadamente, a síndrome do olho seco pode causar danos à superfície ocular, aumentando o risco de infecções oculares, inflamações e cicatrizes corneanas. Ou seja, essa condição pode afetar a acuidade visual e, consequentemente, a qualidade de vida da pessoa.
Para pessoas de outros estados, como elas podem se adaptar ao clima e não desenvolverem a síndrome do olho seco?
Quando alguém não está acostumado a viver em locais onde a umidade relativa do ar é muito baixa, é possível que sinta um desconforto visual maior. Uma dica para os nossos visitantes é reduzir as horas em frente a telas, lavar os olhos com soro fisiológico gelado e usar óculos de sol com lentes UVA e UVB.
Existem fatores ambientais ou hábitos diários que podem agravar os sintomas da síndrome do olho seco
Sim, alguns fatores ambientais e hábitos diários podem agravar os sintomas, como exposição a ambientes secos, fumaça de cigarro e uso excessivo de dispositivos digitais sem pausas regulares para descanso ocular.
Qual é a abordagem geral de tratamento para a síndrome do olho seco?
Geralmente, os médicos receitam lágrimas artificiais sem conservantes, de gel ou de uso noturno, para aliviar os sintomas, pois fornecem mais lubrificação aos olhos. Também é necessário mudanças no estilo de vida, como evitar ambientes com ar-condicionado, aumentar a ingestão de água, usar umidificadores de ar e moderar o tempo de exposição às telas. Em casos mais graves pode ser necessário o uso de anti-inflamatórios e/ou imunossupressores, e até realizar procedimentos cirúrgicos. Apenas um oftalmologista pode determinar o tratamento mais adequado para cada paciente.
Algumas pessoas tem o hábito de coçar o olho quando sentem algum incomodo, essa prática pode prejudicar a saúde ocular?
Evite coçar os olhos. Este hábito que parece inofensivo pode trazer consequências graves, pois causa uma lesão mecânica como abrasões da pele da pálpebra, conjuntiva e córnea. Quando o ato de coçar os olhos se torna algo corriqueiro, ao longo dos anos isso pode desestruturar as microfibras da córnea, causando ectasia, ou seja, a curvatura da córnea, gerando o ceratocone. Além disso, esfregar os olhos é uma das maneiras mais comuns de contaminar os olhos com vírus ou bactérias, causando conjuntivites e até infecções da córnea.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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