Violência

Saiba quem são os suspeitos por trás do assassinato do PM aposentado

Bruno Oliveira, filho de criação do PM, e Mateus Nascimento, que tinha negócios com a vítima, são suspeitos pela morte de Jacob Vieira da Silva, segundo fontes ouvidas pelo Correio. O corpo foi encontrado na Cidade Ocidental

Darcianne Diogo
postado em 24/07/2023 06:00 / atualizado em 24/07/2023 06:48
Corpo do PM estava em uma cisterna -  (crédito: Arquivo pessoal)
Corpo do PM estava em uma cisterna - (crédito: Arquivo pessoal)

Uma pessoa acima de qualquer suspeita pode estar por trás do assassinato do policial militar Jacob Vieira da Silva, 62 anos, encontrado morto na semana passada dentro de um poço, em uma chácara localizada no Parque Estrela Dalva 3, na Cidade Ocidental (GO). Ao longo de quase 20 dias, o Correio conversou com familiares, amigos e fontes policiais e descobriu a identidade dos dois suspeitos de participação no crime: Bruno Oliveira Ramos, filho de criação de Jacob, e o sócio dele, Mateus da Silva Nascimento, 26 anos. A polícia, no entanto, não informou se os dois são considerados foragidos.

Bruno é filho da ex-mulher de Jacob e, por anos, auxiliou o padrasto nos negócios, principalmente nos assuntos relacionados a uma empresa de transporte escolar. O Correio apurou que Bruno articulou um plano de mobilidade que previa a concessão de 20 micro-ônibus para rodar na Cidade Ocidental. Para isso, teria pedido a Jacob quase R$ 600 mil emprestado. Desse valor, o PM transferiu ao menos R$ 300 mil ao enteado. Seria uma forma de encerrar a parceria com o pai de criação e alavancar o próprio empreendimento.

No negócio com o padrasto, Bruno era braço direito do policial e atuava como dono de ao menos um ônibus e uma linha. "Ele (Jacob) cedeu uma ou duas linhas a Bruno. Por mês, ele tirava quase R$ 30 mil, por aí. Quem trabalha lá, geralmente fica com essa função de ser dono de uma, duas ou três linhas", contou um familiar ao Correio, que preferiu não se identificar.

Nas eleições de 2020, Bruno tentou uma vaga como vereador da Cidade Ocidental pelo partido Podemos, mas recebeu 225 votos e não conseguiu se eleger. Uma fonte ligada à Câmara Municipal informou à reportagem que Bruno buscava valores financeiros para participar das eleições do ano que vem, inclusive, articula-se para assumir como vereador ainda neste mandato.

Ligação

Mateus Nascimento é sócio de Bruno e também considerado suspeito do crime. O Correio obteve acesso ao boletim de ocorrência registrado na Delegacia da Cidade Ocidental, que aponta fortes indícios de que Mateus teria sido a última pessoa a estar com Jacob.

O PM desapareceu na tarde de 10 de julho, ao sair de casa em um Ford Ka branco, em Santa Maria. A polícia não encontrou o veículo. No dia em que sumiu, Jacob tinha duas vistorias de ônibus escolares em Planaltina de Goiás e na Cidade Ocidental, mas a vítima não compareceu a nenhum dos dois locais. Mateus, por sua vez, teria se encontrado com Jacob no dia 10 para repassar uma quantia em dinheiro para ele, segundo o próprio relato do suspeito aos familiares do policial.

Durante as buscas por Jacob, Bruno chegou a auxiliar os familiares, mas a atitude do vigilante causou desconfiança entre os parentes. "Do nada, ele disse que iria procurar ele (Jacob) e sumiu", relatou um parente. O Correio esteve na casa onde Bruno mora com a mulher e os dois filhos, no Setor de Mansões Suleste, a cerca de 4km de distância do local onde o corpo de Jacob foi encontrado. Vizinhos relataram que ele não é visto na residência desde 9 de julho, um dia antes do desaparecimento do padrasto.

Bruno também é proprietário da chácara situada no Parque Estrela Dalva. Foi lá que, em 18 de julho, Jacob foi localizado morto em um poço artesiano. O imóvel está em construção: no interior do lote há duas casas, espaço para churrasqueira, galinheiro e até uma baía que aloca três cavalos. Ainda há amontoados de brita e areia. No quintal, bandeirinhas de São João penduradas em duas estruturas de madeira. O Correio apurou que, entre 8 e 9 de julho, Bruno organizou uma festa julina para pessoas próximas. O evento teria durado até a manhã de domingo e sido planejado há mais de um mês, segundo relataram fontes à reportagem.

O caso é investigado pela 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) e, até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso. O Correio entrou em contato com o advogado de Bruno, que afirmou que só se manifestará posteriormente. Quanto a Mateus, a reportagem conseguiu conversar com o suspeito. Por mensagem, ele disse que provará a inocência.

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