Sem investimentos não há como enfrentar o feminicídio no DF, é o que defende o juiz titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Núcleo Bandeirante, Ben-Hur Visa.
“É imprescindível investir em educação. O Estado precisa trazer essa discussão para o ambiente escolar. Precisamos parar de enxugar gelo em relação a violência doméstica, pois ela existe e não adianta passar o pano sem, de fato, não atingir um problema tão grave como esse que estamos enfrentando, que é a violência contra a mulher. Além disso, temos que saber onde estamos falhando como Estado e como sociedade”, ressaltou.
De acordo com o juiz, o alto número de mortes de mulheres e de violência doméstica ocorridos no Distrito Federal só irá diminuir com uma política pública voltada para a conscientização e a educação, que permita a evolução da sociedade. “Se uma mulher é vítima de estupro, o primeiro questionamento feito à ela é sobre o quê estava vestida com roupas curtas, ou porque estava em um local ermo em determinada hora. Ou seja, quando há esse tipo de pergunta, você sutilmente atribui à mulher a culpa por ela ter sido estuprada”, pontuou.
Na avaliação do magistrado, investir em pesquisa é outra política importante para combater o machismo estrutural e mudar a forma como a mulher é vista pela sociedade. Pela pesquisa, segundo ele, é possível mapear o perfil do agressor, descobrir a motivação desses crimes e buscar meios de mudar a maneira como a sociedade enxerga a mulher.
O juiz cita que levantamentos apontam que 60% das mulheres assassinadas no Brasil têm entre 18 e 40 anos de idade, sendo que 90% dos casos ocorreram dentro de casa. Diante disso, para ele, é necessário uma política séria de Estado, e não só de governo. “Precisamos de mais proatividade e não ficarmos só nos debates”, destaca.
Ben-Hur disse ainda, durante o painel, que é importante o papel da imprensa na divulgação dos crimes de feminicídio, um elemento como forma de alertar e conscientizar as mulheres na busca de ajuda quando sofrerem algum tipo de violência. “Trazendo a notícia, a imprensa mostra para outras mulheres que elas podem ser mais uma vítima e isso encoraja essa mulher a buscar ajuda e, muitas vezes, efetivar a denuncia“, ressalta.
*Estagiário sob a supervisão de Suzano Almeida
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