Durante o seminário Combate ao feminicídio: Responsabilidade de todos, promovido pelo Correio nesta quinta-feira (20/7), a Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do Ministério da Mulher, Denise Motta Dau, destacou a importância do trabalho de mudança da cultura nacional, que, segundo ela, ainda é machista e misógina. A secretária destrinchou as ações em curso por parte do ministério, que abrangem essa mudança cultural e a implementação de novos serviços.
De acordo com Denise Dau houve, nos últimos anos, um fomento dessa cultura machista e misógina por algumas figuras públicas. Além do desmonte das políticas públicas que tratam do tema, com cortes orçamentários e a extinção, em vários estados e municípios, de secretarias focadas nas mulheres. Para Dau, a falta de incentivo e estrutura, pelo governo federal, a essas secretarias, acaba resultando em um retrocesso na defesa das mulheres, assim como aconteceu.
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Apesar do aumento da taxa de feminicídios no Distrito Federal, que, em 2023 já contabiliza 21 vítimas, frente às 17 de 2022, Dau afirma que o problema é de âmbito nacional. Em entrevista ao Correio, a secretária explica que o desmonte de políticas públicas unido ao grande incentivo ao armamento da sociedade civil ocorrido nos últimos anos acaba resultando no aumento da violência contra a mulher. Dau cita uma pesquisa do Instituto Sou da Paz que mostra que, a cada duas mulheres assassinadas no país, uma é por arma de fogo. O que, para ela, explicita a grande relação entre esses fatores.
Dau explica que a atuação da Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, no Distrito Federal (DF) é realizada em parceria com a Secretaria da Mulher do DF e tem foco na ampliação dos serviços da Casa da Mulher Brasileira (CMB). Conforme a secretária, já há espaços em construção em quatro cidades do DF, e que está sendo feito um projeto especial para a implementação também em Ceilândia.
Para a técnica, é imprescindível que haja fomento de uma cultura de igualdade e respeito para com as mulheres. Segundo ela, esse trabalho precisa estar imbuído nos componentes curriculares de escolas e universidades para criar uma conscientização que evite que homens venham a se tornar possíveis agressores e mulheres se submetam a essas situações de violência, sem saber como combatê-las. “Essa cultura não pode ser naturalizada, a cultura da violência contra a mulher, a cultura do feminicídio. Isso não é natural. Isso é construído socialmente”, afirma.
*Estagiário sob a supervisão de Hylda Cavalcanti
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