Ação preventiva é o principal caminho para lidar com a onda de feminicídios no DF. A avaliação é de Beatriz Figueiredo, diretora da Divisão de Perícias Externas do Instituto de Criminalística da Polícia Civil (PCDF), nesta quinta-feira (20/7), momentos antes do Correio Debate, evento promovido pelo Correio Braziliense para discutir sobre a temática.
Para a especialista, o Brasil está avançado em termos de legislação, mas ainda é preciso um extenso trabalho de prevenção e acolhimento para lidar com os feminicídios. "Precisamos de políticas de acolhimento que permitam que essa mulher seja afastada desse agressor. Porque, raramente, essas mortes acontecem de primeira. O ciclo de violência escala até chegar à morte. Nos primeiros sinais, mesmo não sendo físicos, o estado deve intervir, separando-a do agressor e dando condições para ela ter uma vida longe dele", pontuou.
A diretora avalia que, apesar de trágico, o cenário também chama a atenção não só do poder público, mas de toda a sociedade, que agora, mais do que nunca, necessita de conscientização sobre o tema. "É preciso trabalhar uma parte de conscientização com a população, que passa pela educação sobre o espaço da mulher e o machismo. Reprimir os crimes e educar precisam andar juntos."
Figueiredo também ressaltou a gravidade do panorama atual do DF, que já registra até julho deste ano mais casos de feminicídio que em 2023. "Continuamos morrendo pelo simples fato de sermos mulheres. Esses números de casos tendem a aumentar até o fechamento de 2023, o que é desesperador. É uma causa que precisa ser, realmente, discutida por todos", apontou.
Na mesma perspectiva a perita ressaltou a importância da participação de diversos setores da sociedade civil em torno desse debate, a fim de avançar na direção de uma resposta que diminua o número de casos e preserve o bem-estar da parcela feminina da sociedade brasiliense. "Acho importantíssimo o espaço de conversa de atores de diversos setores em torno do tema", concluiu.
O evento
O Correio Debate é uma iniciativa do Correio Braziliense que visa promover a discussão de temas importantes para a cidade com autoridades e figuras de destaque no cenário local e nacional. Nesta edição, o evento conta com a presença da governadora em exercício do DF, Celina Leão (PP) e terá mediação dos jornalistas Carlos Alexandre Souza e Ana Maria Campos.
O tema é a onda de feminicídios na capital. Somente no primeiro semestre deste ano, Brasília teve mais casos deste tipo de crime que em todo o ano passado. Entre janeiro e junho, foram contabilizados 20 casos em todo o DF. Em 2022, 17 mulheres perderam a vida, vítimas de feminicídio.
Participam do debate o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar; a defensora pública chefe do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, Antônia Carneiro; a presidente da Comissão de Enfrentamento da Violência Doméstica da OAB/DF, Cristina Tubino; o promotor de Justiça do Distrito Federal, Daniel Bernoulli; a integrante da Executiva Nacional da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e ativista da Frente de Mulheres Negras do DF, Lúcia Santana Araújo; e a assessora internacional do Ministério das Mulheres, Rita Lima.
O evento é realizado no auditório do Correio Braziliense, com transmissão pelo no site e nas redes sociais do jornal.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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