Samambaia

Acusado de matar mulher esganada é indiciado pela PCDF por feminicídio

Marcus Renato de Sousa da Silveira, 44 anos, está preso temporariamente e, segundo as investigações, ele mentiu sobre a morte de Elaine Vieira, ao dizer que ela teria se engasgado com carne

Darcianne Diogo
postado em 18/07/2023 23:22
Mulher deixou um filho pequeno -  (crédito: Redes sociais)
Mulher deixou um filho pequeno - (crédito: Redes sociais)

O homem acusado de matar a namorada esganada foi indiciado por homicídio qualificado por feminicídio e motivo fútil pela Polícia Civil do DF (PCDF). Marcus Renato de Sousa da Silveira, 44 anos, está preso temporariamente e, segundo as investigações, ele mentiu sobre a morte de Elaine Vieira de Jesus Dias, 35, ao dizer que ela teria se engasgado com um pedaço de carne.

Nesta terça-feira (18/7), a polícia colheu o depoimento de um amigo de Marcus. O homem defendeu o colega e reforçou a mesma versão contada pelo acusado na delegacia. Na oitiva, o técnico de informática negou envolvimento na morte da companheira e disse ter ajudado a mulher durante o engasgo, fazendo manobras orientadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Marcus foi preso pelas equipes da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte). A prisão é de 30 dias, mas a Justiça pode converter em preventiva a qualquer momento. A reportagem falou com a defesa de Marcus, que preferiu não se manifestar.

Dinâmica


A morte de Elaine ocorreu na noite de 22 de março, na casa de Marcus. Dois dias antes, o casal teve um desentendimento. Em depoimento prestado ontem na delegacia, Marcus alegou que a briga ocorreu por "motivos banais" e divergências relacionadas aos afazeres domésticos.


A reportagem apurou que, após a discussão, Marcus expulsou Elaine de casa, na chuva. A mulher foi caminhando para a casa da mãe e, no caminho, ligou para uma amiga, aos prantos, para desabafar sobre o ocorrido. A colega contou a situação para um rapaz, que era amigo de Elaine desde o ensino fundamental e o homem resolveu ajudá-la.


Na noite de 22 de março, Elaine e o colega marcaram de se encontrar em um restaurante mexicano, no Guará. O homem chegou a arcar com as despesas do transporte de aplicativo para que ela fosse até o local. No estabelecimento, os dois conversaram, mas Elaine começou a passar mal e a vomitar. Por isso, decidiram ir embora e ir para a casa do colega, no Sudoeste.


Antes disso, enquanto Elaine ainda estava no restaurante, Marcus ligava e mandava mensagens para ela de forma insistente. Quando a mulher chegou à casa do amigo, o namorado continuou com as ligações e o próprio colega decidiu atender. Segundo Marcus, a conversa entre os dois ocorreu de forma "amistosa" e pediu para que ele colocasse Elaine em um transporte por aplicativo para voltar para a casa. Em outro momento, o técnico fez uma chamada de vídeo com Elaine e viu a mulher deitada no sofá com uma coberta.


Aos investigadores, o colega de Elaine negou que os dois tivessem mantido relações sexuais e explicou que a mulher estava deitada no sofá por estar passando mal. Em uma nova ligação o companheiro exigiu que Elaine voltasse para a casa. Na delegacia, o colega relatou que foi possível ouvir Marcus xingando a namorada. Desesperada, Elaine decidiu ir embora e pediu um carro por aplicativo.


Marcus esperou pela chegada de Elaine do lado de fora de casa. Segundo ele, a mulher chegou embriagada, se arrastando pelo chão e caiu por três vezes no portão. Na versão contada à polícia, Marcus alegou que os dois conversaram e ele saiu para limpar a área, enquanto Elaine pegou um prato com comida e foi para o quarto comer. Ainda de acordo com o acusado, Elaine derrubou o prato e desfaleceu ao se engasgar com um pedaço de carne.


O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado e, por telefone, orientou Marcus a realizar os procedimentos de primeiros socorros. A mulher chegou com vida ao Hospital Regional de Samambaia (HRS), mas morreu duas horas depois.
Provas
Os elementos que ligam Marcus à morte de Elaine são robustos, avalia o delegado à frente do caso, Marcos Miranda. Segundo o investigador, o laudo elaborado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) aponta fortes indícios de que a mulher tenha sido assassinada por esganadura.


O Correio obteve acesso ao laudo. Os médicos legistas identificaram lesões no pescoço, no joelho, costelas quebradas e até a falta de uma unha no dedo polegar da mão esquerda. O documento atestou, ainda, que Elaine não tinha lesão no esôfago, o que é comum em casos de engasgo e concluiu que a vítima não tinha consumido nenhum alimento recente.


Ao ser questionado sobre o pedaço de carne que a mulher teria se engasgado, Marcus afirmou que levou a carne até à delegacia e entregou para um agente. Uma denúncia anônima revelou, ainda, que Marcus teria chamado uma vizinha para lavar o apartamento logo depois da morte de Elaine. Os fatos estão em investigação.


Outra linha que faz os investigadores desconfiarem da versão de Marcus é o comparecimento de Marcus na casa da mãe de Elaine, depois da morte da companheira, para ameaçá-la. Conforme consta na denúncia, Marcus fingiu ser síndico para conseguir entrar no condomínio, danificou a porta do apartamento e fugiu ao ser confrontado pelos vizinhos.

 

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