Acolhimento

Mutirão de cirurgia plástica beneficia vítimas de violência doméstica

A iniciativa é fruto de uma parceria entre Fundação IDEAH e o TJDFT. Segundo o presidente da entidade, cirurgias acontecerão nas primeiras semanas de agosto. Além do DF, projeto também contempla GO, MA e MS

Ana Luiza Moraes*
postado em 19/07/2023 17:17 / atualizado em 20/07/2023 13:24
 O termo de cooperação para o projeto foi assinado pelo presidente do TJDFT, desembargador Cruz Macedo -  (crédito:  Carlos Vieira/CB)
O termo de cooperação para o projeto foi assinado pelo presidente do TJDFT, desembargador Cruz Macedo - (crédito: Carlos Vieira/CB)

Mulheres e crianças que foram vítimas de violência doméstica e tiveram sequelas físicas serão beneficiadas, em agosto, por um mutirão que realizará cirurgias plásticas reparadoras nesse público, de forma gratuita. A iniciativa é resultado da parceria entre a Fundação Instituto para Desenvolvimento do Ensino e Ação Humanitária (IDEAH) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em cooperação com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). A seleção das pessoas que vão ser operadas foi feita no último sábado (15/7), durante atendimento ambulatorial.

Conforme explicações dos organizadores do evento, o termo de cooperação entre SBCP e TJDFT foi assinado no dia 26 de abril. Após a cerimônia, juizados, tribunais do júri, juizados especiais e varas criminais deram início a um levantamento que, por meio da coordenação da violência doméstica, selecionou o primeiro grupo para atendimento. As pacientes foram encaminhadas ao Núcleo Judiciário da Mulher (NJM), onde passaram por avaliação médica das possíveis indicações de cirurgia reparadora. No total, 7.500 cirurgias reparadoras já foram realizadas pela fundação, por meio deste tipo de parceria.

Seleção

Das 28 mulheres selecionadas para o primeiro mutirão, dez delas foram atendidas por uma equipe de médicos especialistas em cirurgia plástica, no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Algumas não residiam mais no Distrito Federal e, outras, não demonstraram interesse no programa. Segundo o presidente da Fundação IDEAH, Luciano Chaves, duas das pacientes se encontravam com sequelas graves em razão da violência sofrida.

"A exemplo da paciente mais grave que foi atendida em Brasília, o seu agressor jogou álcool no corpo inteiro dela, que ficou com a região do tórax, abdômen e membros superiores queimada", diz Luciano. "É um projeto muito importante, porque infelizmente, hoje o Brasil tem uma estatística bastante grave: um feminicídio a cada 3 horas, e uma violência doméstica a cada 40 minutos. Isso se tornou um sério problema de saúde pública", completa.

O presidente explica que após o atendimento, foram solicitados os exames pré-operatórios e a previsão é que as cirurgias sejam executadas na primeira quinzena de agosto. Posteriormente, o próximo passo é selecionar uma nova lista para o segundo mutirão. "Vítimas de violência doméstica necessitam muito dessa cirurgia, porque são pacientes que se encontram com a autoestima totalmente comprometida e sequelas funcionais graves", afirma Luciano.

Outros tribunais

O trabalho que agora está sendo executado no Distrito Federal foi oficializado como projeto-piloto pelo Tribunal de Justiça de Goiás, que se prepara para o segundo mutirão de cirurgias, enquanto os tribunais dos estados do Maranhão e Mato Grosso do Sul já assinaram o acordo de cooperação. A documentação para o acordo com os estados de Sergipe e Tocantins é outra que está adiantada e aguarda apenas a oficialização, segundo o presidente Luciano Chaves. Enquanto os tribunais de São Paulo, Minas Gerais, Piauí e Pernambuco, que também demonstraram interesse na parceria, ainda se encontram em fase de negociação com a fundação. 

*Estagiária sob a supervisão de Hylda Cavalcanti

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