Violência contra a mulher

Morte de mulher por engasgo passa a ser investigada como feminicídio

Na manhã desta segunda-feira, policiais civis da 26ª Delegacia de Polícia desencadearam uma operação e prenderam o principal suspeito, o namorado da vítima. Feminicídio teria ocorrido na noite de 22 de março, em Samambaia

Darcianne Diogo
postado em 17/07/2023 07:24 / atualizado em 17/07/2023 07:27
Elaine Vieira de Jesus Dias pode ter sido vítima de feminicídio -  (crédito: Redes sociais/ reprodução)
Elaine Vieira de Jesus Dias pode ter sido vítima de feminicídio - (crédito: Redes sociais/ reprodução)

Uma morte aparentemente causada por engasgo de uma carne teve uma reviravolta e passou a ser investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) como feminicídio. Nesta segunda-feira (17/7), investigadores da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), presididos pelos delegados Fernando Fernandes e Marcos Miranda, cumpriram um mandado de prisão temporária contra Marcus Renato de Sousa da Silveira, 44 anos. Ele é acusado de esganar e matar a namorada, Elaine Vieira de Jesus Dias.

Elaine morreu entre a noite de 22 e 23 de março, dentro da casa de Renato, com quem mantinha um relacionamento de cerca de nove meses. O Correio teve acesso com exclusividade ao depoimento prestado por Marcus na delegacia. À polícia, o homem contou que, na manhã de 20 de março, teve um pequeno desentendimento com a mulher e ela saiu de casa e os dois não conversaram durante o dia.

No começo da noite, Elaine teria postado uma foto no Instagram em um bar do Guará. Em um dos telefonemas feito por Marcus à mulher, um colega de Elaine teria atendido e afirmou que estava com ela. Por volta das 22h, Elaine atendeu uma segunda ligação feita pelo namorado e perguntou se podia dormir na casa dele.

A mulher chegou à casa do namorado em um transporte por aplicativo. Na oitiva aos investigadores, Marcus alegou que Elaine estaria bêbada. Disse, ainda, que a mulher pegou um prato de comida na cozinha e foi para o quarto, momento em que, segundo ele, percebeu que ela estava caída no chão engasgada com um pedaço de carne. O homem chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e as equipes conduziram a mulher até o Hospital Regional de Samambaia (HRS).

Desconfiança

O laudo de corpo delito do Instituto de Medicina Legal (IML) atestou que foram observados diversos hematomas no corpo de Elaine, como nos joelhos, nos cotovelos e no pescoço da mulher, o que reforça a hipótese de que ela teria sido esganada. As marcas foram observadas por uma colega de Elaine durante o próprio sepultamento da vítima.

No depoimento à polícia, a amiga de Elaine contou que ela apresentava lesões visíveis e estranhou. Ao ser questionada sobre o relacionamento entre Elaine e Marcus, a amiga descreveu que o namoro era conturbado e ouviu queixas da amiga quanto ao comportamento abusivo, rude e hostil do companheiro.

O depoimento da testemunha foi revelador para a polícia. Na conversa, a mulher contou que telefonou para Elaine na noite do ocorrido e, na ligação, escutou a amiga chorar, gritar e dizer: “Renato, não faz isso comigo”.

Outra linha que faz os investigadores desconfiarem que Marcus tenha envolvimento na morte de Elaine é o fato dele não ter comparecido ao velório da própria namorada e, depois da morte da companheira, ir à casa da mãe de Elaine para ameaçá-la. Conforme consta na denúncia, Marcus fingiu ser síndico para conseguir entrar no condomínio, danificou a porta do apartamento e fugiu ao ser confrontado pelos vizinhos.

A prisão temporária de Marcus é de 30 dias e foi deferida pelo juiz Fabrício Castagna. A Justiça autorizou ainda a busca e apreensão na casa do suspeito e a quebra de sigilo dos dados dos aparelhos eletrônicos.

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