FEMINICÍDIO

Vítima se recupera de tentativa de feminicídio cometida pelo ex-namorado

Jovem de 20 anos sofreu tentativa de feminicídio por parte do ex-namorado Eduardo Henrique Carvalho da Silva, 21, que a enforcou e a esfaqueou no pescoço. Para salvar a vida, ela fingiu estar morta e conseguiu pedir socorro

Júlia Eleutério
postado em 08/07/2023 06:00
 (crédito: Pacífico)
(crédito: Pacífico)

A jovem de 20 anos que sobreviveu a tentativa de feminicídio executada pelo ex-namorado Eduardo Henrique Carvalho da Silva, 21 anos, diz que, apesar dos momentos de terror, está melhorando. Ela foi atacada dentro de casa pelo ex, que tentou enforcá-la e depois desferiu um golpe de faca no pescoço da moça. Ele foi preso, na quinta-feira, dois dias após cometer o crime em São Sebastião. Ao Correio, especialistas alertam sobre a necessidade de acompanhamento psicológico após uma mulher sofrer violência doméstica.

A vítima, que preferiu não se identificar, pediu medida protetiva de urgência contra o autor após a agressão. Ela relatou à Justiça que Eduardo não aceitava o fim do relacionamento, que durou três meses. Na última terça-feira, após dois meses insistindo para ir à casa da ex-namorada, no Bairro Vila Nova, em São Sebastião, ele forçou a entrada na residência. Mesmo depois de esfaqueá-la, Eduardo não parou com as agressões. Segundo o depoimento da vítima, ele ainda a enforcou na cama e depois aplicou um "mata-leão". Para salvar a própria vida, a sobrevivente se fingiu de morta, simulando um desmaio. Ela aproveitou o descuido de Eduardo e se trancou no banheiro para pedir socorro.

Com a chegada de um vizinho, o ex-namorado foi embora. Ela foi socorrida e atendida na unidade de pronto-atendimento (UPA) da região, recebeu alta e se recupera da tentativa de feminicídio em casa. "Estou melhorando. Só está um pouco inchado e incomodando para dormir", comenta a jovem. Eduardo foi localizado na casa de uma tia e preso pela 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião). Se condenado, pode ser sentenciado a mais de 30 anos de prisão.

Violência

De acordo com a polícia, não havia ocorrência anterior de Lei Maria da Penha contra o autor. No entanto, a vítima relatou aos agentes e à Justiça que terminou o namoro porque Eduardo se mostrava uma pessoa violenta. "Desde o início do relacionamento, ele demonstrou comportamento possessivo e agressivo, principalmente em razão de ciúme", disse a vítima. O jovem tinha antecedentes criminais, incluindo uma condenação por tráfico de drogas.

Ao tomar conhecimento do crime, os agentes da 30ª DP deram início às investigações e começaram a procura pelo autor. Na última quinta-feira, a polícia cumpriu o mandado de prisão preventiva contra Eduardo pelo feminicídio tentado, decretada pelo Tribunal do Júri de São Sebastião. Ele passou dois dias foragido na casa de uma tia, depois de ameaçá-la.

Após o ocorrido, a Justiça também decidiu a favor da medida protetiva de urgência para a vítima. Ficou determinado que Eduardo está proibido de se aproximar da ofendida, com limite mínimo de distância fixo em 500 metros, e de fazer contato com ela por qualquer meio de comunicação, seja presencial, telefônico, virtual ou por intermédio de terceiros.

Apoio psicológico

A psicóloga clínica e neuropsicóloga Juliana Gebrim destaca que os traumas causados pela violência contra a mulher podem ter efeitos duradouros na vida das vítimas, afetando a saúde mental, emocional e física.

Para além dos traumas físicos e psicológicos, a especialista ressalta os danos emocionais, que podem causar sentimentos como medo, raiva, tristeza e vergonha. "Esses traumas podem afetar a capacidade da vítima de lidar com as emoções e de se sentir segura em seu ambiente familiar", explica. Juliana avalia ainda que os danos pós-traumáticos podem ir também para o meio social, isolando a mulher de amigos e de familiares, e afetando a capacidade de trabalhar e estudar. "Isso pode levar a problemas financeiros e a uma sensação de desamparo e desesperança", comenta.

Em todos essas situações, Juliana acrescenta que a ajuda psicológica é de extrema importância. "O objetivo do tratamento é recuperar a autoestima e o amor próprio dessa mulher, retirando o sentimento de incapacidade e proporcionando a sua autovalorização, ou seja, visa fortalecê-la emocionalmente para romper com o ciclo da violência", conclui a profissional.

20 mortes

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), até maio deste ano, o DF registrou 32 tentativas de feminicídio — o equivalente ao total de ocorrências do ano de 2021 e a 61,53% de todos os casos de 2022. O número de feminicídios em 2023 também é alarmante. A capital já registrou 20 casos nos primeiros seis meses, sendo que em 2022 foram 17 ocorrências no ano todo.

Professora de psicologia do Ceub, Flávia Timm ressalta que não se pode atribuir o crime a uma causalidade e deve-se reforçar que o problema de violência contra as mulheres tem diversas variáveis que interferem nesse tipo de problemática, sendo uma delas o machismo.

Flávia ressalta o quanto os homens não estão preparados para lidar com o avanço intelectual e o desenvolvimento laboral e emocional feminino. "Os homens não aceitam essa emancipação das mulheres. Em troca, cobram então um recrudescimento desses aspectos mais violentos e cruéis para dar a estabilidade na relação. Eles vão vigiar mais e vão apresentar mais comportamento de perseguição, ciúme e desconfiança, como se isso fosse uma prova de amor", analisa.

Onde pedir ajuda

» Ligue 190: Polícia Militar;

» Ligue 197: Polícia Civil;

» E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br;

» WhatsApp: (61) 98626-1197;

» Site: pcdf.df.gov.br/servicos/197/violencia-contra-mulher;

» Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher. A denúncia pode ser feita de forma anônima, 24h por dia, todos os dias.

Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam): funcionamento 24 horas por dia, todos os dias:

» Deam 1: atende todo o DF, exceto Ceilândia

» Endereço: EQS 204/205, Asa Sul;

» Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673;

» E-mail: deam_sa@pcdf.df.gov.br;

Deam 2: atende apenas Ceilândia

» Endereço: St. M QNM 2, Ceilândia;

» Telefones: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207-7438;

Secretaria da Mulher do DF

» Whatsapp: (61) 99415-0635.

Promotorias nas regiões administrativas do DF

Endereços disponíveis no site do Ministério Público: mpdft.mp.br/portal/index.php/promotorias-de-justica-nas-cidades.

Defensoria Pública do DF

» Disque-Defensoria: telefone 129, opção 2;

» Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem);

» Endereço: Fórum José Júlio Leal Fagundes, Setor de Múltiplas Atividades Sul, Trecho 3, Lotes 4/6, BL 4 Telefones: (061) 3103-1926 / 3103-1928 / 3103-1765;

» WhatsApp (61) 999359-0032;

» E-mail: najmulher@defensoria.df.gov.br.

Núcleos do Pró-Vítima

Há oito unidades de atendimento: Brasília, Ceilândia, Guará, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Itapoã e Taguatinga.

Os endereços podem ser consultados no site da Secretaria de Justiça: sejus.df.gov.br/pro-vitima/.

 

 

» Ligue 190: Polícia Militar

» Ligue 197: Polícia Civil

» E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br

» WhatsApp: (61) 98626-1197

» Site: pcdf.df.gov.br/servicos/197/violencia-contra-mulher

» Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher. A denúncia pode ser feita de forma anônima, 24h por dia, todos os dias

Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam): funcionamento 24 horas por dia, todos os dias

» Deam 1: atende todo o DF, exceto Ceilândia.

» Endereço: EQS 204/205, Asa Sul.

» Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673.

» E-mail: deam_sa@pcdf.df.gov.br.

Deam 2: atende apenas Ceilândia.

» Endereço: St. M QNM 2, Ceilândia.

» Telefones: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207-7438.

Secretaria da Mulher do DF

» Whatsapp: (61) 99415-0635.

Promotorias nas regiões administrativas do DF

Endereços disponíveis no site do Ministério Público: mpdft.mp.br/portal/index.php/promotorias-de-justica-nas-cidades.

Defensoria Pública do DF

» Disque-Defensoria: telefone 129, opção 2

» Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem)

» Endereço: Fórum José Júlio Leal Fagundes, Setor de Múltiplas Atividades Sul, Trecho 3, Lotes 4/6, BL 4 Telefones: (061) 3103-1926 / 3103-1928 / 3103-1765.

» WhatsApp (61) 999359-0032.

» E-mail: najmulher@defensoria.df.gov.br.

Núcleos do Pró-Vítima

Há oito unidades de atendimento: Brasília, Ceilândia, Guará, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Itapoã e Taguatinga.

Os endereços podem ser consultados no site da Secretaria de Justiça: sejus.df.gov.br/pro-vitima/.

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