Quem passa na frente da Embaixada da Turquia, talvez nem imagine a riqueza histórica e arquitetônica que a fortaleza diplomática guarda por trás dos muros virados para a L4 Sul, no Plano Piloto. A representação turca chegou, em 1929, na então capital Rio de Janeiro, sendo a mais antiga missão diplomática turca na América do Sul. Em 1972, a embaixada foi transferida para Brasília.
Inspirada em Niemeyer, arte suíça decora embaixada do país europeu
A construção da sede diplomática ocorreu apenas em 1984, sendo concluída em 1986. O projeto da embaixada foi concebido pelos arquitetos turcos Alpay e ilgi Yüce Askun, e teve como inspiração os palácios do império seljúcida. Antes, um projeto para a embaixada se inspirava no Köprülü Yoil, a mais antiga mansão de madeira às margens do Bósforo, um estreito que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara, e marca o limite dos continentes asiático e europeu na Turquia, porém nunca saiu do papel.
A residência oficial e a chancelaria são separadas, e ambas refletem os traços da arquitetura seljúcida, com janelas de madeira retilíneas e uma claraboia, logo na entrada, que espalha luz natural. Algo que é típico das casas turcas. No noroeste do lote, ficam as residenciais funcionais. Todo o complexo diplomático é rodeado por um belo e grande jardim verdejante, além de uma quadra de tênis.
Ao entrar na casa do embaixador, é nítido a presença turca em cada detalhe, como nos móveis clássicos de madeira, obras de artes, decorações em vidro e tapeçarias. Todos itens tradicionais vieram da Turquia. O espaço é um verdadeiro museu da cultura e história turca.
Mestres
A arte com vidro tem papel importante na cultura turca, como os raros e delicados vasos de coleção Çesm-i bülbül, que têm mais de 200 anos de história. Graças a mãos talentosas de vários mestres, essa arte é muito popular na Turquia. Os belos tapetes turcos ainda têm grande valor afetivo e econômico para o país. Eles estão espalhados por toda a residência oficial e geram aconchego e beleza ao espaço.
Um ponto interessante dos costumes turcos são os Nazar boncugu (derivado dos termos árabes, nazar significa vista e boncuk, ou boncuu, significa missangas), que são vistos em cima dos móveis da casa. Os turcos acreditam que o artefato afasta o mau-olhado. O Nazar é feito com o uso de ferramentas especiais e tintas tradicionais da cultura turca. Secretária do embaixador, Yildiz Atlan conta que a residência oficial lembra a casa da mãe, que mora na Turquia, por conta dos detalhes que são muitos semelhantes entre a embaixada e as casas do país. "Se você for à Turquia, verá que as casas são exatamente assim, a residência da minha mãe, por exemplo, tem essa decoração, com pratos nas paredes, vidros e muitos tapetes, algo muito presente na cultura e nas casas turcas", conta Yildiz.
O embaixador Halil Ibrahim Akça começou a missão diplomática em 1º de fevereiro deste ano — antes estava servindo no Irã. O diplomata conta que a embaixada em Brasília o lembra os palácios da Turquia. "Eu me sinto morando em um palácio turco", ressalta. De acordo com ele, a primeira vez que viu Brasília, teve a impressão de que a cidade era muito moderna e com uma a quantidade de vegetação impressionante. "É uma cidade grande, que parece uma obra de arte. Tudo muito organizado", diz o embaixador. A reportagem pôde experimentar do café turco, manjar turco de pistache e kabak tatlisi (doce tradicional de abóbora), todos muitos saborosos.
"Eu me sinto morando em um palácio turco"
Halil Ibrahim Akça, embaixador
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.