Arte

Inspirada em Niemeyer, arte suíça decora embaixada do país europeu

Por trás dos muros que cercam as embaixadas instaladas na capital, existe uma riqueza de detalhes que revelam muito sobre as culturas dos países com os quais o Brasil mantém importantes relações diplomáticas

Mariana Saraiva
postado em 06/07/2023 06:00
A charmosa fachada de azulejos coloridos é assinada pelo artista suíço Jran Baier. Há dois anos morando em Brasília, a embaixatriz Enrica Battistutta tem especial encanto pelo jardim com paisagismo e arte -  (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A charmosa fachada de azulejos coloridos é assinada pelo artista suíço Jran Baier. Há dois anos morando em Brasília, a embaixatriz Enrica Battistutta tem especial encanto pelo jardim com paisagismo e arte - (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Quem passa pelas vias próximas às embaixadas, não imagina quanta história existe por trás dos muros das 131 representações de países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas. Cada uma que aqui se instalou trouxe para a capital — além dos costumes e da culinária — as artes e a arquitetura do seu país. Um desses espaços é a Embaixada da Suíça, cuja transferência do Rio de Janeiro para a nova capital se deu em 1972. De forma provisória, instalou-se primeiro em uma casa no Lago Sul e, em 1984, mudou-se para a nova sede, construída no terreno do Setor de Embaixadas Sul, doado pelo governo brasileiro.

Para desenvolver o projeto da nova embaixada foi escolhido o casal de arquitetos suíços Hans e Annemarie Hubacher. O prédio de chancelaria, as residências do embaixador e funcional formam o complexo diplomático. A charmosa fachada de azulejos coloridos é assinada pelo artista suíço Jran Baier, mesclando o estilo arquitetônico do país alpino com elementos brasileiros. A área externa da embaixada é rica em flores e plantas e exibe um grande jardim, que ajuda a proporcionar um clima fresco ao local e, é claro, lembrar a Suíça.

O espaço é rigorosamente cuidado por uma equipe de jardineiros que se empenha para deixar o ambiente colorido e verde o ano inteiro. No jardim da residência oficial, encontram-se três réplicas de vacas, reforçando ainda mais a identidade da Suíça, que produz um dos chocolates mais famosos do mundo com o leite. Há dois anos morando em Brasília, a embaixatriz Enrica Battistutta conta que o local é a parte da residência oficial que mais gosta, porque lembra bastante o país de origem. "Amo vir no meu jardim contemplar a natureza e poder ver as esculturas das vacas que representam tão bem a Suiça", diz.

  • Obras de Le Corbusier estão no acervo da Embaixada, como Totem Fotos: Embaixada da Suiça
  • Complexo tem arquitetura assinada pelo casal de suíços Hans e Annemarie Hubacher Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • No jardim, esculturas de vacas representam o símbolo do chocolate mais famoso do mundo Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Inspiração de Niemeyer

Ao entrar na residência oficial do embaixador Pietro Lazzeri, é possível notar a riqueza de obras de arte, algumas trazidas por ele de outros países durante a trajetória como diplomata. Na sala de jantar, encontram-se três quadros Le Corbusier (1887-1965): Icône 4 (1964), Os 2 (1964) e Totem (1963).

Arquiteto, urbanista, escultor e pintor de origem suíça, Le Corbusier foi uma das referências do arquiteto Oscar Niemeyer no início da carreira. Juntos, trabalharam no projeto de construção da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

A influência do suíço nos traços de Niemeyer está exposta por toda Brasília. A arquiteta Ana Luíza Marques Veloso explica que Le Corbusier foi quem começou os estudos sobre a arquitetura moderna do século 20. "Foi a corrente adotada pra construir Brasília e várias obras em todo o mundo. É nítido que Niemeyer conseguiu aplicar os cinco pontos de Le Corbusier na arquitetura brasiliense: construção sobre pilotis, janela em fita, planta livre, estrutura recuada aparecendo na fachada e terraço jardim", enumera.

Laços econômicos

Professor de Relações Internacionais e especialista em política brasileira, Luciano da Rosa Muñoz observa que as embaixadas são fundamentais para o Brasil e desempenham funções chaves, como fortalecimento de interesses econômicos, culturais, troca de experiências e colaboração mútua.

O especialista ressalta que muitas pessoas acreditam que uma embaixada é um território estrangeiro, mas é um equívoco. "Isso é um mal-entendido, o que se tem na verdade é um regime de imunidade, ou seja, a polícia ou o Exército brasileiro não podem entrar em uma embaixada sem a autorização da mesma", explica.

Segundo a secretaria de Relações Internacionais do Distrito Federal, as representações diplomáticas estão localizadas em diversos pontos da cidade, como Asa Norte, Asa Sul, Lago Sul, Avenidas das Nações, Setor de Embaixadas Sul, Setor de Rádio e TV Norte e W3 Norte. Nem todas têm sede própria na capital. Algumas alugam apartamentos, casas e salas comerciais.

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