O assassino da enfermeira Patrícia Pereira de Sousa, de 41 anos, Bruno Gomes Mares, 38, foi preso na tarde desta segunda-feira (3/7), pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Patrícia foi a 20ª de feminicídio somente neste ano.
O crime ocorreu por volta de 19h de sexta-feira (30/6), na residência da família, na Quadra 3 do Setor Leste do Gama. Na presença do filho do casal, um menino de 14 anos, e de uma jovem de 22, fruto de um outro relacionamento da vítima, Bruno disparou no pescoço de Patrícia, que morreu no local.
“Ele foi preso agora à tarde e está sendo levado à 14ª DP para ser interrogado”, assegura o delegado-chefe da 14ª Delegacia de Polícia (Gama), Francisco Antônio da Silva, ao Correio.
De acordo com a filha da vítima, Chaiane Pereira, Bruno sempre teve um perfil autoritário, além de um ciúme doentio. “Eram só brigas, traições. Eu nunca fui a favor da relação, porque ele sempre bateu na minha mãe e usava o meu irmão como uma proteção. Eu cheguei do estágio, a gente brincou, riu. Quando ele chegou, o clima ficou tenso e ele começou a discutir com a minha mãe. E matou”, disse a filha, a reportagem.
Ainda segundo ela, o casal estava juntos há 18 anos e já havia se separado diversas vezes, mas Patrícia sempre voltava por conta do filho adolescente e pelo apoio financeiro que tinha do parceiro.
Após cometer o crime, Bruno fugiu. Uma das vizinhas, que preferiu não ser identificada, contou que viu o suspeito abrir o portão da casa e fugir em uma Ranger Prata, após ter atacado Patrícia. “Nunca esperamos que isso acontecesse. Parecia ser uma família tranquila”, explicou.
Segurança
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) informou que é uma das prioridades da atual gestão o combate à violência contra a mulher. A pasta detalhou que existem mecanismos de proteção às vítimas, como o serviço de proteção à mulher.
O mecanismo é oferecido às vítimas de violência doméstica com medidas protetivas em vigor. Criado em 2021, monitora, em tempo real, 48 mulheres e 52 homens. Todo o monitoramento ocorre no Centro Integrado de Operações de Brasília, coordenado pela Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas (DMPP).
"O serviço de proteção permite ainda ligações a números pré-cadastrados, mensagens prontas de texto, gravação de imagens, registro fotográfico e captação de áudio e vídeo do ambiente. O período de monitoramento é estipulado em juízo. Após o término do lapso temporal definido, a vítima é geralmente encaminhada pelo judiciário para o atendimento prioritário do programa Viva Flor", explicou a pasta.
A pasta contou que o Viva Flor, disponível desde 2017, já atendeu 370 pessoas, resultando em nove prisões em flagrante realizadas por descumprimento de medidas. Nenhuma mulher que utilizou o Viva Flor teve a integridade física violada pelos ex-companheiros.
Além desses programas oferecido às vítimas no momento em que a medida é aprovada pelo Justiça, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) oferece atendimento por meio Programa de Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid). Apenas em 2022, 19.383 visitas foram realizadas pelos policiais a famílias.
Já a PCDF conta com delegacias especiais de atendimento à mulher (Deam 1 e 2), além de possibilitar que as vítimas registrem boletim de ocorrência, por meio da Maria da Penha Online, além de representar contra o autor da violência, enviar provas com fotos e vídeos, requerer a acolhimento, entre outros. Em 2022, foram contabilizados 889 flagrantes relacionados à Lei Maria da Penha.
A reportagem selecionou mecanismos onde mulheres vítimas de violência podem pedir ajuda, além das forças de segurança. Criado pelo governo federal, o botão de pânico é um dispositivo de emergência que, via QR code, leva a usuária a um formulário do projeto Justiceiras. Para ler o código, basta apontar a câmera do celular e clicar no link que aparecerá na tela do aparelho. Após o preenchimento dos dados requisitados, a vítima será direcionada à uma equipe voluntária, profissional e multidisciplinar.
O aplicativo Todas por Uma é um tipo de inteligência artificial. Ao entrar no app, surge uma tela com uma propaganda, de modo que esconde a real função do aplicativo. Quando simplesmente balançar o celular ou clicar no botão "cupons", no canto superior esquerdo da tela, um pedido de socorro será enviado aos intitulados "anjos" da vítima, pessoas de confiança que concordaram em serem contatadas diante de situações de emergência. Assim, os anjos recebem a localização da amiga ou parente em perigo. A solicitação é feita de uma maneira discreta.
Já o aplicativo IsaRobô oferece orientações gratuitas sobre o que fazer em casos de violência doméstica ou de maneira on-line. O app foi desenvolvido com o apoio do Facebook e do Google pelo Conexões que Salvam, da ONG Think Olga, e pelo Mapa do Acolhimento, do Nossas.org, projetos que apoiam mulheres que sofrem ou sofreram violência de gênero na internet. A ferramenta está disponível para todos que precisam de acolhimento e de informações sobre violência contra as mulheres na internet e sobre como tornar o meio tecnológico um ambiente mais seguro.
Ligue 180
Coordenado pelo governo federal, o Ligue 180 é um serviço de utilidade pública essencial para o enfrentamento à violência contra a mulher. Além de receber denúncias de violações contra as mulheres, a central encaminha o conteúdo dos relatos aos órgãos competentes e monitora o andamento dos processos. O serviço também tem a atribuição de orientar mulheres em situação de violência, direcionando-as para os serviços especializados da rede de atendimento.
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