São João

Quadrilha junina Formiga da Roça é campeã do Distrito Federal

Agora, o grupo de São Sebastião irá representar o DF no concurso nacional. A Mala Véia, da Ceilândia Sul, foi a grande campeã da Categoria Acesso.

Samuel Calado
postado em 03/07/2023 16:55 / atualizado em 03/07/2023 18:02
 (crédito: Samuel Calado/CB)
(crédito: Samuel Calado/CB)

A quadrilha junina Formiga da Roça levou a melhor e venceu o tradicional circuito da Liga de Quadrilhas do Distrito Federal e Entorno (Linqdfe), competição tradicional que este ano contou com 22 grupos. Com a apresentação do espetáculo “A Cruz Sagrada seja a minha luz”, o grupo de São Sebastião conquistou o campeonato do DF.

O resultado foi divulgado na madrugada desta segunda-feira (3/7), no arraial montado no Estacionamento do Estádio Augustinho de Lima, em Sobradinho. Em segundo e terceiro lugar ficaram, respectivamente, as juninas Arroxa o Nó e Ribuliço. Agora, a Formiga terá a missão de representar a capital no Concurso Nacional de Quadrilhas, a ser realizado nos dias 8 e 9 de julho em Canaã dos Carajás, no Pará.

Assista ao mini documentário sobre as quadrilhas juninas do DF e entorno 

Quadrilha junina Formiga da Roça realiza ensaio aberto para a comunidade

Formiga da Roça, de São Sebastião.
Formiga da Roça, de São Sebastião. (foto: Samuel Calado/CB)

Com uma encenação de tirar o fôlego, a Formiga trouxe um espetáculo inspirado na obra “O Pagador de Promessas”, do dramaturgo brasileiro Dias Gomes. A apresentação utilizou elementos da cultura popular para narrar a história do personagem “Zé do Burro”, que é impedido de entrar na igreja após fazer uma promessa em um terreiro de candomblé.

Formiga da Roça, de São Sebastião.
Formiga da Roça, de São Sebastião. (foto: Samuel Calado/CB)

No enredo, o preconceito da cidade é tão grande que até a cerimônia de casamento de Zé com a noiva Carolina é feita do lado de fora da igreja. Ao final, Zé é golpeado pelos cangaceiros no peito e morre. O corpo dele é carregado em uma cruz pelos quadrilheiros da junina e somente morto, o personagem consegue entrar no templo. A produção da peça durou aproximadamente oito meses e trouxe uma reflexão importante sobre o combate à intolerância religiosa.

Formiga da Roça, de São Sebastião.
Formiga da Roça, de São Sebastião. (foto: Samuel Calado/CB)

“É uma emoção muito grande ver o reconhecimento e a valorização do trabalho realizado. Foram meses de dedicação, pesquisa e empenho de todos os componentes. Conseguir passar a nossa mensagem e ver o encantamento das pessoas não tem preço. A Formiga vem apresentando trabalhos diferenciados com bastante investimento e entrega e chegou a nossa vez de sermos valorizados por isso", disse o diretor artístico e figurinista da Formiga, Higor Nascimento.

"Perceber que todo esse trabalho foi visto e premiado é uma sensação muito boa. Sentimos que tudo acontece no momento que tem que acontecer e este título nos eleva a outro patamar. A nossa missão agora é representar o Distrito Federal. A expectativa é de vencer lá também”, acrescentou Nascimento.

Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá.
Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá. (foto: Samuel Calado / CB)

A junina Arroxa o Nó, do Paranoá, que ficou em primeiro lugar na terceira etapa e conquistou o vice-campeonato na classificação geral, encenou o espetáculo “Quem souber o que acontece, diga logo, foi ou não foi?” A apresentação trouxe um repertório regional marcante e evidenciou elementos da cultura popular pernambucana.

Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá.
Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá. (foto: Samuel Calado / CB)

"Foi mágico demais! Eu sei o tanto que isso é importante para a continuidade do trabalho da quadrilha. A gente já sabia que pelo resultado da primeira etapa, o grupo não entrou preparado e merecidamente a Formiga ganhou. A gente veio de um período muito difícil devido à perda da minha mãe, Dona Lourdes. Foi muito pesado ao ponto de eu pensar em parar, mas foi desejo dela que eu continuasse. Para o grupo em si, terminar com a energia de ontem, ganhando como melhor marcador e melhor casal de noivos é orgulho demais", afirmou o presidente e marcador da Arroxa o Nó, Wagner Teixeira.

Segundo ele, "a importância desse primeiro e segundo lugar nos leva à continuidade do trabalho para o ano que vem. Com certeza vamos chegar mais fortes e com vontade de brigar pelo título. A expectativa agora é fazer uma boa apresentação no Arraiá Brasil”.

Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia.
Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia. (foto: Samuel Calado / CB)


O terceiro lugar ficou com a junina Ribuliço, representante da Expansão do Setor O da Ceilândia. O grupo marcou o circuito com o espetáculo “Quatro fases, quatro histórias da lua do meu São João”, que utilizou os ritmos populares do Nordeste para narrar contos juninos relacionados às fases do satélite natural da terra. "A quadrilha Ribuliço este ano nos desafiou a ressignificar, a se reinventar e acreditar que existem caminhos diferentes para chegar ao nosso objetivo", contou a vice-presidente do grupo, Poliana Santos.

Ela ressaltou que o grupo enfrenteou o desafio de um trabalho novo com pessoas novas. "Pudemos mostrar para todo mundo que sempre fomos gigantes dentro do arraial com muita alegria ao público dentro de suas temáticas. O grupo está muito feliz com tudo o que conseguiu conquistar até agora", frisou.

Campeãs do grupo de Acesso 

A Mala Véia, da Ceilândia Sul, foi a grande campeã da Categoria Acesso. O grupo encenou o espetáculo "Capitães da Areia", inspirado na obra de mesmo nome do escritor brasileiro Jorge Amado. Em segundo e terceiro lugar ficaram as juninas Caipirada e Xique Xique, respectivamente. "É felicidade que não cabe no peixo. Eu tô feliz demais de poder ajudar a minha junina a voltar para o lugar de onde ela nunca deveria ter saído. O resultado é fruto do nosso empenho e dedicação que vem desde o ano passado. Foi um prazer dividir o espetáculo com minha noiva Betânia Bezerra", disse o noivo da Mala Véia, Ramon Gonçalves. 

Betânia Bezerra e Ramon Gonçalves da Mala Véia também ganharam destaque como casal de noivos no circuito.
Betânia Bezerra e Ramon Gonçalves da Mala Véia também ganharam destaque como casal de noivos no circuito. (foto: Samuel Calado / CB)

Três descem, três sobem

As juninas Chinelo de Couro, Os Caboclos do Sertão e Matingueiros não obtiveram bom desempenho avaliativo este ano e desceram para competir no grupo de acesso em 2024. Em contrapartida, as juninas Mala Véia, Caipirada e Xique Xique, que conquistaram o campeonato na categoria inicial, irão subir para competir no grupo especial.

Arraiá Brasil
As juninas Arroxa o Nó e Ribuliço, vice-campeã e terceira colocada, respectivamente, também estão com uma missão em mãos. Elas devem representar a capital no concurso Arraial Brasil, disputado com todas as vices do país, nos dias 3 e 4 de agosto, no Distrito Federal. O local ainda não está definido.

Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia.
Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia. (foto: Samuel Calado / CB)


Balanço do circuito

Ao todo, cerca de 100 mil pessoas estiveram no circuito durante as três etapas de Taguatinga, Paranoá e Sobradinho. O presidente da Linqdfe, Márcio Nunes, conta que ao contrário dos anos anteriores, os moradores das comunidades representaram o maior público nas arquibancadas. “Na última etapa em Sobradinho, por exemplo, ficamos extasiados. Muitos moradores relataram que nunca tinham recebido um evento com essa proporção. Nós tivemos uma estrutura muito boa que proporcionou ao público e aos quadrilheiros uma nova experiência. Evoluímos na questão técnica também. É muito bom ver que a cada ano que passa as quadrilhas estão evoluindo artisticamente. 2023 ficará para a história e 2024 ficará melhor ainda”, ressaltou.

Confira a classificação geral de 2023

Grupo especial
1. Formiga da Roça
2. Arroxa o Nó
3. Ribuliço
4. Sanfona Lascada
5. Arraiá dos Matutos
6. Rasga o Fole
7. Amor Junino
8. Eita Bagaceira
9. Xamegar
10. Coisas da Roça
11. Xem Nhem Nhem
12. Pinga em Mim
13. Chinelo de Couro
14. Os Caboclos do Sertão
15. Matingueiros do Sertão

Grupo acesso
1. Mala Véia
2. Caipirada
3. Xique Xique
4. Fornalha
5. Vai mas não Vai

 

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  • Formiga da Roça, de São Sebastião.
    Formiga da Roça, de São Sebastião. Foto: Samuel Calado/CB
  • Formiga da Roça, de São Sebastião.
    Formiga da Roça, de São Sebastião. Foto: Samuel Calado/CB
  • Formiga da Roça, de São Sebastião.
    Formiga da Roça, de São Sebastião. Foto: Samuel Calado/CB
  • A apresentação do Formiga na Roça usou elementos da cultura popular para narrar a história do personagem Zé do Burro
    A apresentação do Formiga na Roça usou elementos da cultura popular para narrar a história do personagem Zé do Burro Foto: Samuel Calado/CB
  • Formiga da Roça, de São Sebastião.
    Formiga da Roça, de São Sebastião. Foto: Samuel Calado/CB
  • Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia.
    Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia. Foto: Samuel Calado / CB
  • Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia.
    Quadrilha Junina Ribuliço, da Expansão do Setor O da Ceilândia. Foto: Samuel Calado / CB
  • Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá.
    Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá. Foto: Samuel Calado / CB
  • Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá.
    Quadrilha Junina Arroxa o Nó, do Paranoá. Foto: Samuel Calado / CB
  • Betânia Bezerra e Ramon Gonçalves da Mala Véia também ganharam destaque como casal de noivos no circuito.
    Betânia Bezerra e Ramon Gonçalves da Mala Véia também ganharam destaque como casal de noivos no circuito. Foto: Samuel Calado / CB
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