Atos antidemocráticos

Major que ensinou táticas de guerrilha era chamado de 'pastor' no acampamento

O oficial deve ser ouvido pelos distritais, na CPI dos Atos Antidemocráticos da CLDF, em setembro. Cláudio Mendes dos Santos, 49 anos, está preso pela Polícia Federal em março, após ter alvo de uma operação da Lesa Pátria

O major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Cláudio Mendes dos Santos, 49 anos, preso pela Polícia Federal em março, era tratado como “pastor” no acampamento do Quartel-General do Exército. O militar foi citado durante depoimento de Alan Diego dos Santos, na CPI dos Atos Antidemocráticos.

Os distritais questionaram Alan sobre a existência de táticas de guerrilha que o oficial estaria ensinando para bolsonaristas. O preso condenado por tentar plantar uma bomba no Aeroporto de Brasília disse que nunca notou ele ensinando táticas de guerrilha, mas que Claudio era tratado de uma maneira bem peculiar no QG, como um dos líderes do movimento.

“Eu nunca presenciei ele dando técnicas. Até então, ele falava que era pastor. Todo mundo falava que ele orientava que, ‘se um dia alguém depredasse alguma coisa, todo mundo ficasse abaixo. Porque se alguém estivesse depredando algo de errado, ficava em pé e a polícia vinha e prendia”, contou aos parlamentares.

O major foi preso em 23 de março, na 9ª fase da Operação Lesa Pátria. Nas investigações conduzidas pela PF, o oficial é suspeito de atuar na incitação de atos antidemocráticos, em frente do Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano. "As investigações apontam ainda que o preso teria ensinado táticas de guerrilha para os participantes do acampamento situado no QG do Exército, em Brasília", detalhou a corporação.

Além disso, de acordo com a corporação, "os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido".

O mandado foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação é permanente e as diligências apontam para um ataque planejado previamente e que usou estratégias profissionais para depredar e invadir prédios públicos.

Preso

Cláudio está preso no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal. Ele é convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos. A oitiva deve ocorrer apenas em setembro.

Além dele, os distritais querem ouvir outros dois policiais, e por isso requisitaram ao ministro relator do STF para a liberação. Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) e Flávio Silvestre Alencar, preso por recuar uma tropa da PM nos atos de 8 de janeiro, estarão na mesa de depoentes.

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